Dicas para proteger as crianças dos perigos online nas férias

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Pesquisa aponta que 75% das crianças e adolescentes brasileiros possuem perfis próprios em redes sociais, um terço abertos - Adobe Stock
Pesquisa aponta que 75% das crianças e adolescentes brasileiros possuem perfis próprios em redes sociais, um terço abertos

Por Agência Unico/Estadão Conteúdo

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Publicado em 19/07/2025, às 14h02
São Paulo, 19/07/2025 - Muito comemorado pelas crianças, o período das férias escolares liga um sinal de alerta por conta do aumento da exposição digital. Utilizados para o entretenimento, os smartphones, tablets, computadores e videogames podem ser também uma porta de entrada para diversos perigos online, que por vezes, são desconhecidos ou ignorados pelos pais e responsáveis, como o acesso a conteúdos impróprios para idade com demonstrações de violência, pornografia e drogas.
Um levantamento recente da Unico, rede de validação de identidade, em parceria com o Instituto Locomotiva revelou que 75% das crianças e adolescentes brasileiros possuem perfil próprio em redes sociais. Destes, quase um terço das contas é totalmente aberto. O estudo constatou ainda que aproximadamente metade dos usuários não controla quem pode segui-los. Além disso, mais de 50% costumam interagir com desconhecidos em jogos online.
Esses dados e fatos recentes demonstram a importância de intensificar o debate sobre a proteção de menores online. No mundo, alguns países possuem regulamentações específicas e rigorosas para tratar sobre o assunto.
Por aqui, o Projeto de Lei (PL) 2628 de 2022 busca estabelecer mecanismos para a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais. Após a tramitação no Senado, o projeto se encontra na Câmara para apreciação e análise das comissões.

O que fazer para proteger as crianças?

Devido à seriedade e importância do tema, o amplo debate e a criação de regras robustas sobre verificação etária e proteção infantil exigem tempo. Enquanto isso não se resolve, é necessário que pais e responsáveis estejam atentos e façam combinados com seus filhos, principalmente, em momentos como as férias, quando eles estão mais tempo online e assim, mais vulneráveis aos riscos dos ambientes digitais.
Uma iniciativa que nasceu da crença de que existem soluções ao nosso alcance é o Movimento Desconecta, que busca a redução, controle e adiamento do acesso a smartphones e redes sociais pelas crianças. Entre as ações, o movimento propõe aos pais e responsáveis um compromisso: adiar até os 14 anos o primeiro smartphone do filho e até os 16 anos o acesso às redes sociais. No site da iniciativa, há uma área para as pessoas assinarem e compartilharem o compromisso.
"O uso precoce de smartphones está associado a uma série de impactos negativos no desenvolvimento infantil, como dificuldades de atenção e sono, aumento da ansiedade, exposição a conteúdos inadequados e problemas nas relações sociais. Adiar esse contato até que o cérebro da criança esteja mais maduro para lidar com as armadilhas do mundo digital também permite que ela viva sua infância e adolescência com espaço para desenvolver habilidades que só nascem a partir de vínculos com o mundo real", diz Mariana Uchoa, cofundadora do Movimento Desconecta.
Juíza titular da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, Vanessa Cavalieri acredita que o lugar mais perigoso onde uma criança e um adolescente podem estar desacompanhados de um adulto atualmente é a internet.
"Os pais protegem os filhos no mundo real e não deixam que eles brinquem sozinhos, nem vão à padaria desacompanhados, mas nas redes sociais, por exemplo, eles navegam sem ajuda".
Vanessa é autora do "Protocolo Eu te Vejo", um instrumento valioso para a prevenção à violência nas escolas, assunto que se conecta com o uso indiscriminado e sem supervisão da tecnologia.
Em publicação no perfil oficial do Protocolo Eu Te Vejo no Instagram, a magistrada explica por que a verificação etária é necessária e urgente. Diferentemente do mundo real, onde é fácil identificar uma criança ou adolescente, na internet um menor de idade pode se passar por adulto ou vice-versa.
A falta de um controle mais rigoroso facilita o acesso inadequado de crianças e adolescentes a conteúdos impróprios, como pornografia, bets e violência extrema. Assim como permite que adultos se infiltrem em lugares frequentados por crianças, como jogos para menores de 12 anos. "Essa é a importância da verificação etária. É a gente ter uma forma, uma tecnologia, que dá segurança e a certeza que aquele usuário tem efetivamente a idade que ele diz que tem", diz Vanessa na publicação.

Dicas práticas

Para ajudar as famílias a protegerem os menores no ambiente digital, reunimos algumas dicas valiosas do "Protocolo Eu Te Vejo". Confira:
  •  Todos os logins e senhas devem ser do conhecimento e estarem logados no celular dos pais para ter acesso ao que está acontecendo, principalmente em situações de um crime;
  • Configure os aplicativos para bloquear conteúdos que considere inadequados para a idade das crianças, como pornografia, bets e violência;
  • Siga as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria em relação ao tempo de uso das tecnologias;
  • Bloqueie o celular durante o horário de repouso noturno para garantir que eles tenham um sono adequado;
  • A geolocalização do aparelho deverá sempre estar ativada no celular do menor para que, em casos de emergência, ele seja encontrado com facilidade;
  • Refaça e repactue frequentemente os combinados com seu filho, de acordo com a idade e maturidade dele.

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