Empresa americana terá maior data center de IA da América Latina em MG

Divulgação - RT-One

Projeto 3D do futuro Data Center, que será erguido em Uberlândia (MG); projeto terá investimentos de R$ 6 bilhões - Divulgação - RT-One
Projeto 3D do futuro Data Center, que será erguido em Uberlândia (MG); projeto terá investimentos de R$ 6 bilhões
Por Felipe Cavalheiro felipe.cavalheiro@viva.com.br

Publicado em 26/09/2025, às 15h46

São Paulo, 26/09/2025 - A multinacional de tecnologia RT-One adquiriu uma área superior a 1 milhão de metros quadrados em Uberlândia (MG) para a construção maior data center de inteligência artificial da América Latina.

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A empresa, liderada pelo CEO brasileiro Fernando Palamone, investirá mais de R$ 6 bilhões no projeto para conseguir servidores com uma potência inicial de 100 Megawatt (MW — medida de potência energética, padrão usado para Data Centers), com plano de expansão até 400 MW. Como comparação, o atual maior data center da América Latina, em Vinhedo, tem capacidade de 61MW. O empreendimento será modular, com o primeiro módulo previsto para outubro de 2026. 

“A capacidade de processamento de inteligência artificial é vital para o mundo moderno. Data centers robustos, seguros e soberanos são a base para essa nova era digital. Trazer essa infraestrutura ao Brasil é preparar o país para competir globalmente, gerar empregos de qualidade e capacitar novos talentos para liderar a transformação digital”, diz Palmone.

Cenário atual dos data denters no País

Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), a América Latina representa somente 2% do mercado de data center global. No entanto, o território nacional detém metade do setor no continente, concentrando 481MW. Até 2029, esta potência deve aumentar mais de três vezes.

Mesmo com o destaque entre os latinos, o Brasil ainda fecha a conta no vermelho, especialmente após o aumento das inteligências artificiais. A renda ganha com a exportação de serviços dos data centres nacionais é quase US$ 6 bilhões inferior ao gasto com importação. 

Concentração de Data Centers pelo mundo / Fonte: DC Byte e Brasscom
Balança de Serviços de Computação e Informação (em US$ Bilhão) / Fonte: Brasscom

Redata e tributação especial 

Na última quinta-feira (17), as regras para pagamento de impostos dos data centers mudaram, com a Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center no Brasil, o Redata. 

A MP aliviou a tributação para as empresas da área. Em troca, criou uma série de contrapartidas, focadas em sustentabilidade, fortalecimento nacional e desconcentração dos servidores do eixo Rio-São Paulo.  As principais mudanças foram: 

  • Suspensão de tributos como Imposto de Importação sobre aquisições de produtos e componentes de tecnologia. 
  • Exigências de sustentabilidade, com energia renovável ou limpa, além de eficiência hídrica.
  • Ao menos 10% dos serviços deverão ser reservados para o mercado interno.
  • Empresas beneficiadas terão que dedicar 2% de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento digital no Brasil.
  • No caso de empreendimentos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, haverá redução de 20% das duas obrigatoriedades

As mudanças valerão por cinco anos, a partir de 2026, e as empresas que descumprirem qualquer uma das exigências, além das multas, ficaram fora do regime especial por dois anos. 

Durante cerimônia de assinatura da MP no Palácio do Planalto em Brasília, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, destacou o que espera com a MP:

“Há uma expectativa de que o Brasil possa atrair R$ 2 trilhões de investimentos, ao longo de 10 anos, gerando aqui inovação, fortalecendo inteligência artificial, melhorando a produtividade, gerando emprego e renda. Um grande dia”

A pegada ambiental dos Data Centers

Além das regras de sustentabilidade, a própria RT-One afirmou que usará 100% de energia renovável. O motivo por trás disto é uma grande preocupação mundial com o consumo de energia e água dos Data Centers após a onda da Inteligência Artificial.

Respondendo a este alerta, a Brasscom conduziu um estudo sobre o consumo energético destes servidores no país. Segundo ele, os Data Centers representaram, em 2024, 8,2 TWh, — o equivalente a 1,7% do consumo total de energia elétrica no Brasil. A projeção para 2029 é que esse número chegue a 27,3 TWh, mais de três vezes maior,o que representará 3,6% do consumo nacional. 

Quanto ao consumo d'água, em 2022 foram gastos aproximadamente 2 bilhões de litros, volume comparável ao consumo de 34,9 mil pessoas no mesmo período. Atualmente, isto representa 0,003% do uso nacional, e em 2029 deve chegar a 0,008%. 

Em contrapartida, Affonso Nina, presidente executivo da Brasscom, reforçou que inovações tanto nos métodos de resfriamento quanto na exigência energética devem reduzir progressivamente este consumo. “A crescente demanda por processamento de dados exige atenção especial à sustentabilidade. É importante reforçar que os data centers não representam uma ameaça aos recursos naturais do Brasil — eles não vão esgotar nossa água nem nossa energia elétrica. A evolução tecnológica tem levado a uma eficiência cada vez maior no uso desses recursos e o setor está cada vez mais comprometido com práticas eficientes e responsáveis”, afirma. 

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