NASA desmente mineira e levanta a pergunta: o que é preciso para ser um astronauta?

Foto: Envato Elements

Mineira viralizou nas redes sociais ao apagar suas redes sociais após NASA desmentir seu envolvimento com o programa espacial. - Foto: Envato Elements
Mineira viralizou nas redes sociais ao apagar suas redes sociais após NASA desmentir seu envolvimento com o programa espacial.

Por Beatriz Duranzi

[email protected]
Publicado em 12/06/2025, às 11h08

São Paulo, 12/06/2025 - Aos 22 anos, a mineira Laysa Peixoto, natural de Contagem (MG), viralizou ao afirmar nas redes sociais que havia sido selecionada como “astronauta de carreira” para integrar o voo inaugural da empresa privada Titans Space, previsto para 2029. Ela também alegava ser mestranda em Física Quântica e Computação na Universidade Columbia e ter passado por treinamentos na NASA.

Na última quarta-feira (11), Laysa excluiu seu perfil do LinkedIn após receber uma negativa oficial da NASA, que afirmou categoricamente ao G1: “ela não é funcionária, líder de pesquisas ou candidata a astronauta”, e que sua única conexão com a agência foi um workshop acadêmico (L’Space), sem qualquer vínculo formal. 

A farsa foi descoberta por uma equipe especializada em temas aeroespaciais, Space Orbit, no YouTube. A investigação considerou dados relacionados a Laysa Peixoto, à Titans Space Industries, aos projetos da NASA (MADSS e AquaMoon) e à Elliptica Foundation, uma organização que Laysa teria criado com o objetivo de oferecer cursos gratuitos.

Durante o processo, foram consultados portais de notícias, sites oficiais e páginas institucionais. A falta de documentos diretos da NASA e a baixa visibilidade da Elliptica Foundation em registros públicos foram pontos-chave dessa apuração. 

A NASA também ressaltou que ela nunca passou por treinamento oficial e não faz parte do conjunto restrito de candidatos atualmente em formação.

A empresa Titans Space teria confirmado a seleção de Laysa, mas seu nome não consta na equipe oficial divulgada pela própria empresa, que ainda não possui autorização da FAA para realizar voos espaciais tripulados.

Como realmente se tornar um astronauta?

Segundo a NASA, para se tornar um astronauta você precisa:

  1. Nacionalidade

A Nasa exige cidadania dos EUA para todos os aspirantes ao programa de astronautas oficiais.

  1. Formação acadêmica

É necessário possuir, no mínimo, mestrado em área STEM (engenharia, ciências físicas, biológicas, computação ou matemática) em instituição reconhecida. Alternativamente, é possível atender aos requisitos:

  • dois anos de trabalho em doutorado.
  • diploma de medicina.
  • conclusão de escola de pilotos de teste reconhecida.
  1. Experiência profissional

Precisa de pelo menos três anos de experiência profissional relacionada, ou 1.000 horas como piloto em comando de jatos (com, no mínimo, 850 horas em jatos de alto desempenho).

  1. Exame médico

É fundamental passar no rigoroso exame físico para voo de longa duração, que avalia pressão arterial, visão (corrigível a 20/20), altura (aproximadamente entre 1,57 m e 1,90 m) e condições de saúde geral.

  1. Competências adicionais

Além de ciência e preparo físico, o candidato deve demonstrar habilidades de liderança, comunicação, trabalho em equipe e adaptação a ambientes extremos.

  1. Processo seletivo
  • As inscrições ocorrem aproximadamente a cada 4 anos.
  • Na última chamada, em 2024, milhares de candidatos concorreram a apenas 12 a 16 vagas. 
  • A seleção passa por triagem, entrevistas (incluindo avaliações de estresse e simulações), exames físicos e testes psicossociais.
  • A taxa de aprovação é inferior a 1%, dada a alta concorrência.
  1. Treinamento

Contempla até dois anos de formação intensiva, com treinamentos em:

  • voo em jato (T‑38);
  • caminhadas espaciais (EVA);
  • operações na Estação Espacial Internacional;
  • sobrevivência (terra e mar);
  • cuidados médicos e domínio de sistemas de aeronaves e espaçonaves.
  1. Missões

Após formado, o astronauta pode ser designado para missões à Estação Espacial Internacional, cápsulas privadas (Crew Dragon, Starliner), programa Artemis (Lua) e futuras jornadas a Marte.

O caso de Laysa Peixoto, evidencia a necessidade de confirmação rigorosa de credenciais. Enquanto programas privados como Titans Space podem selecionar aspirantes, nenhum deles substitui o credenciamento da agência nacional de um país, especialmente a Nasa.

Para brasileiros, embora a NASA exija cidadania americana, existem alternativas como Agência Espacial Europeia, Roscosmos, CNSA ou empresas privadas, mas os princípios básicos permanecem os mesmos: educação STEM ("Science, Technology, Engineering, and Mathematics") de alto nível, experiência robusta e preparo físico excepcional.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias