PL propõe sistema de governança para a inteligência artificial no País
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13/12/2025 | 12h31
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) atuará para fiscalizar e aplicar sanções nos setores onde não houver regulamentação específica sobre IA. As demais agências reguladoras, como Anatel, ANS, Banco Central e outras, seguirão disciplinando as aplicações de IA dentro de suas áreas de competência, sempre articuladas com as normas gerais editadas pela ANPD.
Como funcionará o SIA?
O SIA será composto pelo futuro Conselho Brasileiro de IA, pela ANPD e por comitês consultivos formados por especialistas, cientistas, representantes da sociedade civil, setores produtivos e pessoas afetadas por aplicações de IA. O governo afirma que o SIA não trata da regulação em si, mas organiza de forma coordenada estruturas já existentes, além de ampliar mecanismos de participação social e científica na formulação de políticas.
Segundo o Executivo, a proposta busca unir a inovação, soberania digital e proteção de direitos fundamentais. Oobjetivo é aumentar a capacidade do Estado de supervisionar impactos da tecnologia sobre privacidade, decisões automatizadas e serviços essenciais.
O projeto agora será analisado por comissões técnicas do Congresso Nacional antes de seguir para votação final. Ele foi assinado pelos ministros Esther Dweck, Sidônio Palmeira e Ricardo Lewandowski.
Quais serão os impactos do projeto?
Para o especialista em direito digital e sócio do VLK Advogados, Rony Vainzof, a proposta exige atenção em diferentes frentes para o país avançar sem comprometer a segurança jurídica ou competitividade:
“No campo da IA, o desafio é equilibrar proteção e competitividade. Antes de nova lei, é essencial aprofundar a aplicação dos marcos já existentes (Código Civil, CDC, LGPD, Marco Civil da Internet), que oferecem instrumentos relevantes. Medidas pontuais, como a contenção de deepfakes eleitorais pelo TSE e o agravamento de penas para uso de IA em violência psicológica contra mulheres, mostram respostas calibradas. Entretanto, uma regulação excessivamente prescritiva, sem políticas públicas estruturantes, pode ampliar desigualdades e comprometer nossa inserção na economia digital global.”
Rony também destaca três pontos de cautela que a regulação deve ter:
- Análise robusta do impacto regulatório do futuro Marco de IA para evitar desalinhamentos com o Plano Brasileiro de IA.
- Preservação do treinamento de modelos de IA diante de debates sobre direitos autorais, convergindo para práticas como fair use [dos EUA] e exceções de text and data mining [da União Europeia].
- Tratamento autônomo do Redata, dada a centralidade dos data centers para outras tecnologias, além da IA.
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