Seu neto não sai do celular? Autor de 'A Geração Ansiosa' alerta sobre excesso de telas

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O especialista explica que os efeitos negativos em geral são diferentes para meninas e meninos, causando problemas em todas as faixas etárias - Envato
O especialista explica que os efeitos negativos em geral são diferentes para meninas e meninos, causando problemas em todas as faixas etárias
Por Estadão Conteúdo [email protected]

Publicado em 26/05/2025, às 09h32

São Paulo, 26/05/2025 - Estudioso e crítico dos efeitos nocivos das telas e das redes sociais para crianças e adolescentes, o psicólogo social e professor universitário americano Jonathan Haidt comemora a proibição do uso dos celulares nas escolas pelo Brasil, mas diz ser preciso avançar para limitar o uso do aparelho fora dela, principalmente em casa.

O pesquisador americano é mundialmente conhecido pelo best-seller A Geração Ansiosa, livro que esmiúça o colapso de saúde mental dos mais jovens e o que pode ser feito para reverter o cenário.

Para Haidt, há regras inegociáveis para o uso do celular em casa que diz aplicar a seus dois filhos adolescentes: não permitir a criação de perfis em redes sociais antes dos 16 anos de idade nem o uso de telas no quarto à noite, quando "os assédios de adultos a menores de idade mais acontecem", segundo ele.

O psicólogo admite que não é fácil fazer com que os filhos respeitem essas regras. "Depois de ganhar um celular ou entrar em redes sociais, o adolescente vai ficar muito bom em esconder o que tiver que esconder. E aí começa uma batalha na família. Daí a importância de adiar: os filhos não devem ter rede social antes dos 16 anos", disse em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, que foi ao ar no domingo, 25.

Impactos distintos e recuperação

O especialista explica que os efeitos negativos em geral são diferentes para meninas e meninos: para elas, as redes sociais costumam trazer os riscos de pressão estética e assédio, enquanto para eles os maiores perigos muitas vezes estão no que traz prazer imediato, como os videogames e a pornografia.

Na faixa dos 14 anos, as meninas estão mais ansiosas e deprimidas que os meninos, mas eles podem ter maiores prejuízos a longo prazo, com dificuldades para concluir os estudos e ingressar no mercado de trabalho, segundo Haidt. Irritação, tristeza e ansiedade ao ficar longe das telas são alertas para as famílias de que a criança ou o adolescente está dependente do aparelho.

De início, o afastamento do celular gera uma piora pela abstinência. A boa notícia é que quem muda de hábitos consegue recuperar a atenção:

"Os sinais de melhora aparecem em 15 a 20 dias. Primeiro vem a abstinência, mas o cérebro se recupera. Aquele filho doce volta a aparecer", disse ao programa.

Palavras-chave telas

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