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'Carreira e liderança passam a ser escolhas éticas', prevê Yuval Harari para 2026

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Harari é autor dos livros 'Sapiens: Uma Breve História da Humanidade', 'Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã' e '21 Lições para o Século 21' - Adobe Stock
Harari é autor dos livros 'Sapiens: Uma Breve História da Humanidade', 'Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã' e '21 Lições para o Século 21'
Por Claudio Marques

24/12/2025 | 14h00

São Paulo, 24/12//2025 - Conhecido internacionalmente por seus livros de divulgação histórica e reflexões sobre o futuro da humanidade, o historiador, filósofo e escritor israelense Yuval Noah Harari diz que, entre as tendências para 2026, carreira e liderança passam a ser escolhas éticas e que saúde mental se torna competência de liderança.

Leia também: 50 milhões de brasileiros já usam inteligência artificial, diz pesquisa

As previsões foram feitas durante a 25ª edição do HSM+, evento de gestão e liderança realizado em São Paulo. O escritor ganhou destaque global com obras como 'Sapiens: Uma Breve História da Humanidade', 'Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã' e '21 Lições para o Século 21.

Nesses livros, ele analisa a trajetória da espécie humana, o impacto da ciência e da tecnologia, e temas contemporâneos como inteligência artificial (IA), biotecnologia, política, ética e mudanças sociais.

Voltado para direita, Yuval Harari, de óculos
Yuval Harari alerta que IAs estão se tornando capazes de tomar decisões humanas em contextos corportivos - World Economic Forum / Ciaran McCrickard

No evento da HSM, Harari focou sua apresentação em reflexões sobre IA, confiança e o futuro do trabalho e da sociedade. Ele destacou que vivemos um momento em que a confiança entre os seres humanos vem sendo transferida para algoritmos e sistemas digitais, e que isso tem implicações profundas para as relações sociais e econômicas.

Harari alertou que as inteligências artificiais estão se tornando capazes de tomar decisões sem intervenção humana, inclusive em contextos corporativos, e que isso pode levar a estruturas de poder em que máquinas e algoritmos ocupem posições antes exclusivas de líderes e acionistas humanos. 

Segundo a organização do evento, ele expôs aquilo que considera como um dos grandes paradoxos do nosso tempo, enquanto desenvolvemos tecnologias mais avançadas da história. Segundo o historiador, a confiança está entrando em colapso e, embora tenhamos criado ferramentas para nos conectar, elas nos dividem.

Como líderes podem navegar nesse paradoxo?

De acordo com o HSM, uma lista com 10 tendências para 2026 feitas pelo filósofo respondem a essa questão, apontando caminhos para líderes que buscam tomar decisões mais conscientes em um cenário de profundas transformações sociais, tecnológicas e humanas.

1) Confiança será o principal ativo das organizações

Empresas competitivas serão aquelas capazes de sustentar cooperação em larga escala, algo cada vez mais raro em um mundo marcado por desconfiança institucional.

2) Empresas geram confiança entre pessoas que não se conhecem

Marcas, contratos e sistemas corporativos são tecnologias sociais. Quando a confiança nesses sistemas falha, os negócios também falham.

3) A confiança está migrando das pessoas para os algoritmos

Decisões antes humanas passam a ser delegadas a sistemas automatizados, exigindo novas discussões sobre ética, transparência e governança.

4) Corporações sem líderes humanos deixam de ser ficção

IA já permite decisões estratégicas autônomas, levantando questões políticas, jurídicas e morais para o mundo empresarial.

5) Lideranças que exploram conflitos enfraquecem organizações

Gestores que alimentam medo e divisão até ganham tração no curto prazo, mas corroem a sustentabilidade das empresas.

6) O mundo entra em uma era de supercompetição

Com o enfraquecimento de valores e regras globais, empresas operam em ambientes mais instáveis e imprevisíveis.

7) Ganhar dinheiro de forma honesta vira diferencial competitivo

Não basta falar em impacto social: a forma como o lucro é gerado passa a ser central para reputação e longevidade.

8) Reconstruir confiança começa dentro das empresas

Cultura, relações internas e coerência entre discurso e prática ganham peso estratégico.

9) Saúde mental se torna competência de liderança

O “bunker” mais importante não é físico, mas mental. Líderes emocionalmente despreparados ampliam crises.

10) Carreira e liderança passam a ser escolhas éticas

Avançar profissionalmente estará cada vez mais ligado à capacidade de gerar valor sem destruir pontes humanas e sociais.

Repercussão

“O mundo corporativo deixou de analisar apenas competências técnicas. Hoje, habilidades socioemocionais, visão crítica e consciência do impacto das decisões são centrais para o desenvolvimento de líderes”, afirma Glaucia Guarcello, CEO da HSM, Singularity Brazil e Learning Village, ao repercurtir as falas do historiador.

“Trazer reflexões como as de Yuval Harari para esse contexto ajuda profissionais e empresas a pensarem carreira, liderança e negócios de forma mais humana, responsável e conectada com a sociedade”, completa.

O trabalho do israelense é marcado por uma abordagem interdisciplinar, que combina história, filosofia, biologia e ciência da computação, buscando tornar questões complexas acessíveis ao grande público. Harari também é voz influente em debates globais sobre os desafios do século XXI, participando de fóruns internacionais e dialogando com líderes políticos, empresariais e acadêmicos.

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