São Paulo, 22/10/2025 - O deputado Rogério Correia (PT-MG) protocolou hoje um requerimento na CPMI da Previdência solicitando a prisão preventiva do ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB) Felipe Macedo Gomes. O pedido foi apresentado após Macedo permanecer em silêncio na sessão de segunda-feira da CPI.
Correia argumenta que as investigações mostram que Gomes utilizou a entidade para criar um sistema próprio de biometria destinado a fraudar assinaturas, com o objetivo de realizar descontos não autorizados nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) indicam que a Amar Brasil movimentou R$ 143 milhões entre 2022 e 2024.
Felipe Macedo faz parte do grupo conhecido como "jovens ricaços", que mantém quatro entidades envolvidas nas irregularidades investigadas pela CPMI. “Documentos indicam, ainda, que Felipe Macedo Gomes utilizou recursos desviados para aquisição de veículos de luxo, sendo incompatível sua evolução patrimonial com a renda declarada antes da constituição da ABCB”,afirmou o deputado no requerimento.
Alertas
Ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), e uma das coordenadoras jurídicas do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade investigada pela Polícia Federal, Tonia Galleti afirmou que fez, desde 2019, denúncias a autoridades do Ministério da Previdência e do INSS sobre fraudes em descontos associativos de aposentados e pensionistas. Em seu depoimento à comissão, ela ainda rebateu as acusações de envolvimento no suposto esquema de recebimento indevido de comissões.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou sobre os repasses de recursos a familiares de Galleti, por meio de empresas e consultorias prestadas ao Sindnapi. Segundo o relator, a família dela recebeu mais de R$ 20 milhões. Ela alegou, à Agência Brasil, que todos os valores pagos ao seu escritório e a familiares decorreram de trabalho legítimo.
Quando fiz a denúncia no CNPS, em 2023, eu já vinha desde 2019 falando isso, com todas as autoridades. A minha questão é a seguinte: todas as entidades que são honestas vão ser colocadas no mesmo balaio dos picaretas?”
Sessão suspensa
Em apenas uma hora de sessão, discussões entre parlamentares e o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto levaram à suspensão da CPMI, na última segunda-feira. O impasse ocorreu quando o relator da investigação, Alfredo Gaspar (União-AL), perguntou a Stefanutto, que foi afastado da presidência do INSS por decisão da Justiça, quais outras pessoas foram afastadas do Instituto após as primeiras denúncias de fraude. O ex-presidente se negou a responder com o argumento que se tratava de uma pergunta retórica. Os ânimos ficaram exaltados e o presidente encerrou a sessão.
Amanhã, estão previstos os depoimentos de Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS, e de sua esposa, Thaisa Hoffmann Jonasson. Ele foi afastado do cargo assim que a Polícia Federal deflagrou a Operação sem Desconto para investigar o esquema de descontos associativos não autorizados. Há indícios de que Thaisa Jonasson e a irmã Maria Paula Xavier da Fonseca tenham recebido recursos de empresas relacionadas às associações investigadas.