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Por Beatriz Duranzi
redacao@viva.com.brSão Paulo, 23/10/2025 - Uma pesquisa realizada pelop Medscape, com 1.240 profissionais da saúde de todas as regiões do País, revela que 59% dos médicos com menos de 45 anos pensam em antecipar a aposentadoria por causa do esgotamento físico e mental provocado pelo excesso de trabalho.
O estudo mostra que, além do desgaste emocional, as desigualdades de gênero e a insegurança financeira são fatores que têm pesado nas decisões de quem lida diariamente com longas jornadas, pressões constantes e altos níveis de responsabilidade.
A pesquisa ainda revela que a ideia de uma aposentadoria tranquila e planejada está cada vez mais distante da realidade de boa parte dos médicos brasileiros, especialmente os mais jovens.
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Entre os dados mais preocupantes, o levantamento aponta que as mulheres apresentam índices mais altos de burnout: 57% delas afirmam sofrer com esgotamento, contra 51% dos homens.
Além disso, as médicas relatam menor segurança financeira para o futuro, reflexo das diferenças salariais e estruturais que ainda marcam a profissão.
O estudo também destaca diferenças nas prioridades: entre os médicos jovens, 56% desejam mais tempo com a família, enquanto entre os mais velhos o número cai para 42%.
Já no recorte por idade, há um contraste nítido, enquanto profissionais abaixo dos 45 anos projetam encerrar a carreira por volta dos 60, muitos homens acima dos 60 pretendem trabalhar até os 80 anos ou mais.
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A pesquisa reforça que o planejamento financeiro é um ponto sensível entre os médicos.
Os homens estimam precisar de R$ 25 mil mensais para manter o padrão de vida após a aposentadoria, enquanto as mulheres projetam R$ 19 mil, resultando em uma média geral de R$ 23 mil.
As principais fontes de renda esperadas incluem poupança e investimentos (82%), pensão do governo (64%), previdência privada (48%) e imóveis (42%).
Mesmo com a tentativa de diversificar as receitas, a dependência da previdência pública ainda é significativa, o que preocupa diante da instabilidade econômica.
Outro dado que chama atenção é que apenas 36% dos entrevistados contam com orientação de consultores financeiros, apesar de 67% acreditarem que terão uma vida satisfatória após encerrar a carreira médica.
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Quando questionados sobre como imaginam o momento da aposentadoria, as respostas foram divididas entre o alívio e a insegurança.
Cerca de 43% acreditam que se sentirão bem, 18% esperam alívio e 13% temem tristeza ou perda de identidade.
Entre os mais jovens, predomina a expectativa de alívio e recomeço, enquanto os médicos mais experientes expressam receios ligados à ausência da rotina profissional.
As atividades mais desejadas após o fim da carreira incluem viagens (85%), lazer (78%) e entretenimento (57%), enquanto apenas 24% consideram mudar de cidade ou país.
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Mais de 60% dos entrevistados acreditam que a idade influencia diretamente a capacidade de exercer a medicina, e a maioria considera que a partir dos 75 anos o médico já está “muito idoso” para atuar. Ainda assim, muitos profissionais preferem uma transição gradual, em vez da aposentadoria definitiva.
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