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Por Bianca Bibiano
[email protected]Venceu no dia 31 de março o prazo para Prefeitura de São Paulo cumprir a liminar determinada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) para ampliar o número de vagas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) de grau III, que contempla pessoas com comprometimento cognitivo ou que requerem de assistência nas atividades de autocuidado para a vida diária.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, que moveu a solicitação, esse grupo inclui pessoas acamadas em leitos hospitalares e de retaguarda, mas que poderiam ser cuidadas nesses ambientes de acolhimento. A determinação da Justiça, publicada em janeiro, indicava que a Prefeitura deveria oferecer 30 vagas em 90 dias e mais 30 vagas ao completar 180 dias, tendo o primeiro prazo esgotado no último dia 31.
As vagas podem ser financiadas com recursos próprios, por meio de parcerias, convênios ou por meio do custeio em instituições privadas. Atualmente, a cidade conta com apenas uma unidade com 60 vagas nessa configuração, no bairro do Canindé, para atender toda a capital.
Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) afirmou que realiza análises e estudos para ampliação do número de vagas em ILPIs na rede socioassistencial da Prefeitura de São Paulo. A pasta ressalta ainda que trabalha em consonância com os prazos estabelecidos pelo Ministério Público.
A Procuradoria Geral do Município (PGM) foi notificada da decisão liminar e acompanhará o andamento do processo judicial.
O serviço público de acolhimento para idosos no Brasil prevê o atendimento em moradias provisórias onde a pessoa permanece até que possa retornar à família de origem ou tenha condições de se manter por conta própria. O caráter é provisório, mas pode se tornar de longa permanência quando esgotadas as possibilidades de autossustento e convívio com os familiares.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome apresentados em 2024 na Câmara dos Deputados, existiam até então 2.081 redes de acolhimento para pessoas idosas em vulnerabilidade, sendo a grande maioria no formato ILPIs e com 89% de natureza não governamental. A rede tem cerca de 80.300 vagas e contemplava 69.358 idosos acolhidos.
Além dos ILPIs, o serviço de acolhimento inclui ainda o formato de casas-lar, semelhantes a residências e com o limite de dez pessoas por unidade, e repúblicas, que funcionam com um sistema de autogestão ou cogestão e nas quais os idosos com capacidade de gestão coletiva da moradia são estimulados a ter autonomia e independência. Nesse formato, existem apenas 32 no País.
As ILPIs são apenas um dos espaços de acolhimento às pessoas idosas no Brasil, voltadas especialmente para pessoas em vulnerabilidade, e contemplam três graus, que consideram a capacidade de autonomia dos indivíduos. De modo mais amplo, o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 161 mil pessoas viviam em asilo ou outra instituição de longa permanência para idosos no Brasil, representando 0,1% da população. As regiões Sul e Sudeste concentram 82,3% desse contingente.
Como na maioria dos países do mundo, a população brasileira está envelhecendo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população no Brasil deve crescer dos atuais cerca de 212 milhões para 219,3 milhões em 2042, quando começará a encolher até chegar a 163,4 milhões em 2100. Em 1950, o grupo de idosos representava 4% da população; hoje, são 15,8%; em 2100 serão mais de 40%. Atualmente, O País tem atualmente 32,1 milhões de pessoas com mais de 60 anos, as quais representam 15,8% da população brasileira. Entre 2010 e 2022 o crescimento foi de 56%.
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