Insuficiência venosa de Trump reacende alerta para envelhecimento masculino

@White House / Fotos Públicas

Donald Trump, presidente dos EUA, foi diagnosticado com a doença. Especialistas explicam riscos, cuidados e possíveis tratamentos - @White House / Fotos Públicas
Donald Trump, presidente dos EUA, foi diagnosticado com a doença. Especialistas explicam riscos, cuidados e possíveis tratamentos
Por Bianca Bibiano [email protected]

Publicado em 18/07/2025, às 09h35

São Paulo, 18 de julho de 2025 - A Casa Branca anunciou nesta quinta-feira (17) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 79 anos, foi diagnosticado com insuficiência venosa crônica após apresentar inchaço nos tornozelos e manchas nas mãos. Segundo comunicado oficial, trata-se de uma condição benigna e comum entre pessoas com mais de 70 anos, e não foram encontrados sinais de trombose venosa profunda nem de doença arterial. 

Segundo o médico de família e comunidade George Mantese, mestre em epidemiologia e doutorando em educação e saúde pela Universidade de São Paulo (USP), a doença é comumente atrelada às mulheres, levando a uma subnotificação de casos no público masculino. "Muitos ainda acreditam que varizes, edema ou sensação de peso nas pernas são problemas estéticos femininos. Esse preconceito atrasa o diagnóstico e prejudica a qualidade de vida”, explica.

O que é insuficiência venosa

A  insuficiência venosa é caracterizada pela dificuldade no retorno do sangue venoso das pernas para o coração, devido ao mau funcionamento das válvulas venosas. Essa falha leva ao acúmulo de sangue, aumento da pressão nas veias e uma série de sintomas: sensação de peso, dor, inchaço (edema), escurecimento da pele e, nos casos mais graves, formação de úlceras venosas.

Ele cita dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), apontando que cerca de 47% da população adulta brasileira apresenta algum grau de insuficiência venosa crônica.

Embora o problema possa atingir qualquer faixa etária, a cirurgiã vascular Camila Kill, mestre em cirurgia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e CEO da Vascularte, reforça que a negligência aos primeiros sinais retarda o diagnóstico e eleva o risco de complicações, como trombose venosa profunda, flebites e até úlceras que podem levar meses para cicatrizar.

Ela diz que a maioria das pessoas se preocupa quando nota uma veia dilatada, mas os sintomas funcionais surgem antes e merecem atenção, com sinais como dores persistentes nas pernas, inchaço e sensação de peso podem indicar a insuficiência venosa crônica. “É um erro pensar que apenas quem tem veias aparentes precisa de avaliação. Em muitos casos, o refluxo venoso já está avançado, mesmo sem sinais visíveis na pele”, explica a médica.

A ausência de tratamento adequado contribui para a progressão da insuficiência venosa. O sangue que deveria retornar ao coração acumula-se nas pernas, dilata as veias e compromete os tecidos. “Quanto mais o paciente adia a consulta, maiores são os riscos de desenvolver complicações clínicas que exigem cuidados mais complexos e prolongados”, alerta Kill.

De acordo com o médico George Mantese, estudos epidemiológicos mostram que a condição afeta mais da metade dos homens acima dos 65 anos, mesmo quando assintomáticos. A obesidade, o sedentarismo e o envelhecimento são fatores de risco estabelecidos, já que o acúmulo de gordura abdominal aumenta a pressão venosa e favorece a inflamação crônica, enquanto a falta de atividade física compromete a bomba muscular da panturrilha, essencial para o retorno venoso.

Além disso, estratégias não medicamentosas como o uso regular de meias de compressão graduada podem reduzir o edema em até 60% dos casos, embora ainda sejam pouco utilizadas por homens. A prática de exercícios específicos para panturrilha também se mostra eficaz, podendo melhorar o retorno venoso em até 40%.

Já uma alimentação rica em flavonoides, como frutas vermelhas, uva roxa e castanhas, contribui para a redução da inflamação vascular. “A prevenção ativa, com controle do peso, avaliação hormonal, alimentação balanceada, uso de meias de compressão e atividade física regular, são aliados fundamentais para manter a saúde vascular ao longo do tempo”, conclui.

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias