São Paulo, 30/05/2025 - Chegando ao seu quarto espetáculo, a Cia Líquida de Dança Contemporânea estreia “As três Marias”, obra inédita em muitas frentes. Com direção e coreografia de Mery Horta, junto de uma equipe criativa com diversos profissionais, a montagem leva à cena artistas mulheres negras de 63 a 74 anos com vasta experiência no mundo do samba.
No palco, três baianas de escola de samba desenvolvem toda uma performatividade que une histórias, dança, vestimenta e gestos. Como as três estrelas da constelação que lhes dá nome e que, em diversas culturas, orientaram homens e mulheres, no espetáculo essas mulheres negras idosas nos brindam com suas existências cintilantes e nos apontam caminhos futuros e ancestrais.
A ideia principal da montagem é homenagear as baianas de escola de samba, essas matriarcas, mães do samba figuras tão relevantes em nossa cultura. “E o melhor modo que encontrei para homenageá-las foi trazê-las para a cena. Acredito que as baianas já possuem seu próprio brilho, são nossas estrelas. E o nome do espetáculo faz referência justamente a um grupamento de estrelas, esse asterismo que vemos no céu noturno e que chamamos de ‘Três Marias’”, explica Horta.
O espetáculo também traz o próprio sentido do nome ‘Maria’ para a cena, com seus múltiplos significados que vão do catolicismo popular às religiões de matriz afro-brasileira, que vão das questões relacionadas ao trabalho doméstico em sua vinculação com nosso passado escravista à ética do cuidado, uma ética que permeia grande parte das bases familiares brasileiras de origem popular.
“Nós trabalhamos com uma dimensão sensorial que é característica dos trabalhos que desenvolvo na Cia Líquida. Partimos de simbologias e questões que são do universo das baianas, aliando à dança uma criação estética e visual desse universo, e indo além, trazendo simbologias de quem são essas baianas, essas Marias, essas mulheres matriarcas. E somos embalados por essas mulheres, como na memória de um colo reconfortante de mãe, de avó, de tia, de uma benção e um desejo de boa sorte em nossas vidas”, conclui.
Circulando pelo
Projeto Corpo Negro Indígena, que se destina a abordar questões sociais, estéticas e culturais relativas ao corpo negras e/ou indígenas através de projetos de dança, o espetáculo contempla a Baixada Fluminense com apresentações no
Sesc Nova Iguaçu no dia 30 de maio às 19h e, no dia 31 do mesmo mês, é a vez do
Sesc Duque de Caxias ter acesso ao projeto às 15h. O
Sesc Nova Friburgo acolhe a montagem no dia 6 de junho às 19h e a circulação se encerra no fim de semana de 12 a 15 de junho, com exibição no Sesc Tijuca às 19h de quinta-feira a sábado e, no domingo, às 18h. A entrada é gratuita em todas as unidades.