7 em cada 10 trabalhadores recebem até dois salários mínimos, aponta IBGE

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Por outro lado, uma pequena fatia de apenas 0,7% dos trabalhadores recebia uma renda mensal que superava 20 salários mínimos - Agência Brasília
Por outro lado, uma pequena fatia de apenas 0,7% dos trabalhadores recebia uma renda mensal que superava 20 salários mínimos

Por Daniela Amorim, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 09/10/2025, às 11h38

Rio, 09/10/2025 - Sete em cada dez trabalhadores brasileiros recebiam, no máximo, dois salários mínimos no ano de 2022, segundo os resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 sobre Trabalho e Rendimento, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se somados todos da base com menores rendimentos, 68% dos brasileiros que trabalhavam em 2022 recebiam, no máximo, entre nada a até dois salários mínimos mensais. Por outro lado, uma pequena fatia de apenas 0,7% dos trabalhadores recebia uma renda mensal que superava 20 salários mínimos.

Em 2022, 11,2% dos trabalhadores trabalhavam por uma remuneração que chegava, no máximo, a R$ 606 mensais, a metade do salário mínimo de R$ 1.212,00 mensais. Mais de um terço (35,3%) dos que trabalhavam tinham remuneração aquém ou até o salário mínimo vigente.

Desigualdade de gênero e raça

O rendimento médio mensal nominal dos trabalhadores homens foi de R$ 3.115 em 2022, superando em 24,3% o das mulheres, que ficou em R$ 2.506.

A escolaridade das mulheres ocupadas permanecia maior que a dos homens ocupados: 28,9% delas tinham nível superior completo, contra uma fatia de 17,3% dos homens. No entanto, os trabalhadores homens recebiam rendimentos médios mensais superiores aos das mulheres ocupadas em qualquer nível de instrução. A maior diferença estava no ensino superior completo: os homens com essa formação recebiam R$ 7.347 mensais, 60% a mais que os R$ 4.591 recebidos pelas mulheres com essa mesma escolaridade.

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Quanto ao recorte por cor ou raça, os menores rendimentos médios do trabalho foram recebidos por pardos (R$2.186), pretos (R$ 2.061) e indígenas (R$ 1.683), sendo maiores para amarelos (R$ 5.942) e brancos (R$ 3.659).

O nível da ocupação - que mostra a proporção de pessoas trabalhando dentro da população em idade de trabalhar - também revelou desigualdades no mercado de trabalho. No ano de 2022, 50 municípios tinham nível de ocupação igual ou maior que 70%, ou seja, sete de cada 10 pessoas de 14 anos ou mais de idade estavam ocupadas. Por outro lado, 330 municípios tinham resultado menor ou igual a 30%, "o que significa que a cada 10 pessoas de 14 anos ou mais residentes, sete foram classificadas como desocupadas ou fora da força de trabalho", explicou o IBGE.

Longo trajeto até o trabalho

A maior parte dos trabalhadores brasileiros levava de seis minutos até meia hora no deslocamento de casa até o trabalho em 2022, o equivalente a 40 milhões de pessoas. No entanto, ainda havia 1,3 milhão de trabalhadores que demoravam mais de duas horas para chegar ao trabalho.

No ranking de 20 municípios com população superior a 100.000 habitantes com maior proporção de pessoas nessa situação de deslocamento ao trabalho superior a duas horas, 11 eram do Rio de Janeiro, sete de São Paulo e dois do Pará.

O meio de transporte mais utilizado no deslocamento para o trabalho era o automóvel (32,3%, adotado por 22,6 milhões de pessoas), seguido por ônibus (21,4%, 14,9 milhões), a pé (17,8%, 12,4 milhões) e por motocicleta (16,4%, 11,4 milhões). O levantamento indicou baixa proporção de deslocamento de trem ou o metrô (1,6%), van, perua e assemelhados (1,4%), BRT ou ônibus de trânsito rápido (0,3%) e caminhonete ou caminhão adaptado (0,4%).

Quanto ao recorte de cor ou raça, 59,0% das pessoas que usavam automóvel para o deslocamento ao trabalho eram brancas.

Maior e menor renda média do País

Os moradores do município de Nova Lima, em Minas Gerais, recebiam a maior renda média do trabalho em todo o País, R$ 6.929 mensais, em valores nominais, ou seja, sem correção pela inflação, segundo os resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 sobre Trabalho e Rendimento, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ranking dos 10 municípios com maiores rendimentos figuraram apenas cidades das regiões Sudeste e Sul. Em segundo lugar ficou São Caetano do Sul (SP), com renda média de R$ 6.167, seguido por Santana de Parnaíba (SP), R$ 6.081; Petrolândia (SC), R$ 5.989; Vespasiano Corrêa (RS), R$ 5.779; Tunápolis (SC), R$ 5.417; Marema (SC), R$ 5.395; Niterói (RJ), R$ 5.371; Nova Ramada (RS), R$ 5.328; e Vitória (ES), R$ 5.242.

Na direção oposta, todos os 10 municípios com menores rendimentos do trabalho pertenciam à região Nordeste. Os trabalhadores com mais baixa remuneração do País foram os de Cachoeira Grande, no Maranhão, apenas R$ 759 mensais, seguidos por Caraúbas do Piauí (PI), R$ 788; Mulungu do Morro (BA), R$ 805; Bacurituba (MA), R$ 811; São João do Arraial (PI), R$ 820; Betânia do Piauí (PI), R$ 828; São José do Piauí (PI), R$ 833; Salitre (CE), R$ 851; Tomar do Geru (SE), R$ 876; e Cedral (MA), R$ 878.

O resultado evidencia as desigualdades regionais no mercado de trabalho. O trabalhador de Nova Lima (MG) obtém um salário 813% superior ao de Cachoeira Grande (MA).

A renda mensal domiciliar per capita - valor que as famílias têm disponível por integrante somando todas as fontes de renda, que incluem trabalho, aposentaria, pensão, benefícios de programas sociais do governo, rendimentos de aluguel ou arrendamento, entre outros - foi de R$ 1.638 no Brasil no ano de 2022, em termos nominais.

O município de Nova Lima, em Minas Gerais, registrou o melhor desempenho nacional, R$ 4.300 por pessoa da família por mês. O resultado é 15 vezes o de Uiramutã, em Roraima, onde as famílias sobreviviam com apenas R$ 289 por pessoa por mês, cerca de R$ 9,63 por dia.

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