BNDES financiará primeira fábrica de glúten vital do Brasil

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Hoje importado, glúten vital será produzido no Brasil

Por Denise Luna, da Broadcast

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Publicado em 14/07/2025, às 09h00

Rio, 14/07/2025 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento para a instalação da primeira planta no Brasil voltada à produção de glúten vital. A nova unidade será implantada pela Be8, do grupo ECB, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Serão destinados R$ 290,2 milhões à empresa por meio do Programa BNDES Mais Inovação, informou o banco.

Extraído da moagem da farinha de trigo, o glúten vital é utilizado como aditivo para melhorar a qualidade desse insumo destinado à panificação. Além disso, também está presente em medicamentos e em itens de higiene pessoal, como cremes dentais e enxaguantes bucais.

“Esse projeto está alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil de incentivar a inovação, agregar valor à produção nacional e reduzir gargalos históricos. Com essa planta pioneira financiada pelo Banco, o Brasil deixa de ser 100% dependente da importação de glúten e passa a ocupar um novo espaço estratégico na cadeia de trigo”, destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Atualmente, não há produção de glúten vital no Brasil, e todo o consumo interno é suprido por meio de importação. A produção da nova planta da Be8 terá como principal destino a indústria alimentícia nacional, mas há previsão de atender também demandas de outros países da América do Sul, sobretudo o Chile.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), no ano passado o país demandou quase 22,1 mil toneladas, um acréscimo de 1,07% na comparação com 2023. Quatro países - Áustria, China, Bélgica e Alemanha - responderam por 66% de todo o glúten importado pelo Brasil. Na América do Sul, o único país com alguma produção é a Argentina.

Glúten e etanol

A nova planta será construída ao lado de uma biorrefinaria em construção desde o ano passado, também com recursos do BNDES. Nela, a Be8 produzirá etanol de cereais (trigo, triticale, milho, entre outros) destinado ao setor de combustíveis automotivos.

Segundo o BNDES, considerando as duas operações, a Be8 estima alcançar uma produção anual de 209 mil metros cúbicos de etanol anidro e 25,6 mil toneladas de glúten. A operação também irá gerar subprodutos. Anualmente, espera-se produzir 153 mil toneladas de farelo DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles), usado na indústria de ração animal.

“A integração das duas instalações permitirá a otimização de custos e ganhos operacionais. Além disso, a proximidade das operações permitirá o aproveitamento direto do farelo da moagem de glúten no processo de hidrólise e posterior fermentação para etanol”, informou o banco.

A planta da Be8 terá localização estratégica, cercada por 170 municípios que respondem por mais da metade do cultivo de trigo do Rio Grande do Sul. O estado concentra a maior produção do cereal no país. A nova fábrica vai processar 525 mil toneladas por ano de cereais e, assim, fomentar a produção de culturas de inverno na região, gerando alto impacto e valor, sendo uma alternativa aos agricultores para os cultivos nesse período.

O projeto prevê a criação de 29 empregos diretos e aproximadamente 500 indiretos. O financiamento do BNDES está alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil (NIB), política pública lançada pelo governo federal no ano passado com a meta de impulsionar o desenvolvimento da indústria nacional até 2033.

“Celebramos aqui mais etapa muito importante de um projeto que tem a marca registrada da inovação que a Be8 promove”, disse o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella. “Este é um parque fabril que integra um conceito importante de geração de energia renovável e produção de alimento, confirmando que esses dois desafios podem ser superados de forma conjunta”, destacou.

Palavras-chave BNDES etanol fábrica glúten

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