Fundos de investimentos ESG e sustentáveis (IS) prometem salto este ano

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Embora venham dobrando a cada ano, fundos ligados a critérios sustentáveis representam parte pequena do patrimônio líquido total  do setor - Foto: Envato Elements
Embora venham dobrando a cada ano, fundos ligados a critérios sustentáveis representam parte pequena do patrimônio líquido total do setor

Por Bruna Camargo, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 01/09/2025, às 10h17

São Paulo, 28/08/2025 - Os fundos de investimento sustentável (IS), que quase duplicaram de tamanho desde julho de 2024, têm potencial para avançar ainda mais neste ano, em que o mercado brasileiro pode ganhar protagonismo ao receber eventos internacionais como a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) e o PRI in Person. Especialistas ouvidos pela Broadcast destacam a oportunidade de atrair capital estrangeiro, além do caminhar de evoluções internas, como novas regulamentações, que podem destravar fluxo de grandes bolsos.

Além de diretrizes e procedimentos trazidos pela regra Instrução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), chamada também de novo marco regulatório do setor de fundos, o orgao regulador estipulou obrigatoriedade para as empresas de capital aberto de entregar relatórios de sustentabilidade a partir de 2026. Isso, junto com o desenvolvimento do mercado regulado de carbono no País, contribui para as perspectivas otimistas dos gestores de fundos este ano.

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Fundos IS

Os fundos de investimento sustentável (IS) alcançaram um patrimônio líquido (PL) de R$ 36,8 bilhões em julho de 2025, uma alta de 48,4% ante dezembro de 2024 e de 89% ante o mesmo período do ano passado, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A captação líquida de quase R$ 8 bilhões neste ano tem potencial para ultrapassar até dezembro o total de R$ 9,4 bilhões de 2024.
Apesar do ganho de tração, os fundos IS ainda enfrentam desafios e representam somente 0,37% do PL total da indústria de fundos de investimento - ao passo que na União Europeia representa cerca de 50%, segundo gestores.
"A quantidade de fundos, a base de cotistas e o PL continuam crescendo, o que é ótimo", destaca Carlos Takahashi, diretor da Anbima e coordenador da Rede Anbima de Sustentabilidade. "Mas segue como um mercado de nicho, mesmo na perspectiva dos gestores, o que implica numa curva de aprendizado mais ampla. Continua o desafio de letramento, tanto dos investidores quanto dos profissionais", afirma.
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Na avaliação de Takahashi, quem busca investimentos sustentáveis sabe no que está investindo, acredita na tese e não vê como uma oportunidade de curtíssimo prazo. Até por isso, ele destaca que a identificação dos produtos com o "IS" no nome é relevante para esse segmento - diferentemente dos fundos relacionados ao tema ESG (sigla em inglês para os critérios Ambiental, Social e de Governança), que integram esses critérios nos investimentos mas não dispõem essa informação no nome do fundo.
Os fundos relacionados ao universo ESG possuem PL cerca de três vezes menor na comparação com os fundos IS (R$ 10,8 bilhões).
Além disso, a questão ambiental, o "E" do "ESG", também traz visibilidade para os fundos IS. "É algo mais sensível e com uma tese que se percebe mais facilmente", justifica Takahashi. O levantamento da Anbima indica que há predominância de fundos com objetivo ligado à questão ambiental, cerca de 72%, de olho em teses de mudança climática e transição energética. No entanto, o executivo acredita que a indústria deveria alinhar também um foco maior na pauta social. "Precisamos fazer a transição para uma economia limpa sem deixar ninguém para trás."

Fundos ESG

A B3 registrou a emissão de 23 novos títulos temáticos ESG no primeiro semestre deste ano, que somaram um volume financeiro de R$ 10,35 bilhões. O movimento contribuiu para a expansão do estoque total de títulos com a marcação ESG na Bolsa, alcançando a marca de R$ 138,16 bilhões ao final de junho.
O montante atual representa um crescimento de 7% em relação ao fechamento de 2024, quando o estoque era de R$ 128,75 bilhões, o que indica o crescimento do interesse de emissores e investidores por ativos que aliam retorno financeiro à geração de impacto positivo, na avaliação da B3. "O aumento contínuo do estoque reforça a evolução e o amadurecimento do mercado brasileiro na direção de uma economia mais verde, inclusiva e de baixo carbono", afirmou Leonardo Betanho, superintendente de Produtos Balcão da B3, em nota.
Segundo dados da plataforma ESG Workspace da B3, as debêntures se mantêm como o principal instrumento para o financiamento de projetos sustentáveis (para emissões ambientais, sociais, ambientais e sociais ou de transição) ou de alavancagem de metas ESG das companhias (no caso dos sustainability-linked bonds, ou SLBs), correspondendo a 88% do estoque total registrado.
A análise por rotulagem mostra que a marcação "Social e Ambiental" é a mais representativa, presente em 72% do montante acumulado, indicando uma preferência por projetos que integram as duas frentes da agenda ESG. Em relação aos setores da economia, o de "Serviços de Eletricidade" lidera as emissões, com 32% do estoque, enquanto os demais setores apresentam participações mais pulverizadas, com porcentuais inferiores a 15% cada um.

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