Foto: Envato Elements
Por Caroline Aragaki e Maria Regina Silva, do Broadcast
[email protected]São Paulo, 15/05/2025 - O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, renovou recorde aos 139.418 pontos na última terça-feira (13) e deve atingir novas máximas históricas ainda este ano, segundo estrategistas de investimentos consultados pelo Broadcast. A leitura do mercado é de que tanto indicadores técnicos quanto os fundamentos do mercado indicam que há espaço para mais altas da Bolsa brasileira.
A possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começar a reduzir a taxa básica de juros no final deste ano atrai investimentos à Bolsa e melhora as expectativas para os resultados das empresas. Isso porque uma eventual redução da remuneração dos títulos de renda fixa atrelados à taxa Selic poderia direcionar o apetite dos investidores para oportunidades de ganho em ações.
Ao mesmo tempo, as empresas com ações listadas na B3 se beneficiariam de uma queda da taxa básica de juros para ampliar seus negócios, já que o custo do dinheiro cairia, podendo assim contratar mais pessoas ou ampliar a produção com linhas de financiamento mais baratas.
Pelo lado técnico, os indicadores apontam que o Ibovespa ainda opera abaixo das médias históricas. No jargão do mercado, isso quer dizer que o índice ainda está 'descontado'.
O nível elevado da taxa Selic, que encarece o custo de capital das empresas para manter suas atividades, é parte da explicação para o índice estar descontado, segundo o chefe de estratégia Brasil do Bradesco BBI, Pedro Grimaldi. "Cada empresa tem um custo de capital, mas o custo básico é a própria taxa Selic. A Selic alta acaba aumentando o custo de capital do sistema como um todo", afirma.
E a perspectiva de que o BC reduzirá a Selic à frente eleva a chance de os investidores passarem a enxergar a Bolsa como barata, segundo Grimaldi. "Em algum momento no final deste ano e começo do ano que vem o Copom vai começar a cortar juros. Seria um evento positivo", diz.
Para o Bradesco BBI, o pico da Selic já foi alcançado em maio, e que o primeiro corte da taxa acontecerá em dezembro - uma redução de 0,50 ponto porcentual, para 14,25%.
Os analistas do BTG Pactual calculam que o índice seguiria descontado mesmo se atingisse os 149 mil pontos. O banco projeta que o principal indicador da B3 terminará 2025 aos 150 mil pontos.
"O lucro das companhias tem acompanhado o preço das ações, então nos deixa com bastante conforto de projetar que há espaço para o Ibovespa andar ainda mais", comenta o responsável pela mesa de ações do BTG Pactual, Jerson Zanlorenzi.
O estrategista-chefe do Itaú BBA, Daniel Gewher, avalia que o Ibovespa está atrativo porque há expectativa de que o lucro das empresas cresça, dada a projeção de taxas de juros menores à frente.
O Ibovespa acumula alta de 15% em 2025. Mesmo com a forte valorização, algumas ações são vistas como oportunidades - em especial as de empresas de varejo, educação e saúde, mais sensíveis ao ciclo econômico, que sofreram com a alta de 4,25 pontos porcentuais da Selic desde setembro do ano passado.
"O mercado já se antecipou a cortes de juros, principalmente em setores como o elétrico e o de saneamento, mas ainda há oportunidades em alguns setores, como os mais expostos à economia doméstica", afirma Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA. Ele cita como exemplo principalmente o varejo, com algumas empresas apresentando "bons" resultados no primeiro trimestre, mas menciona também bancos e companhias de infraestrutura.
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