Cotação do ouro bate máximas com incerteza geopolítica; saiba como investir

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Analistas projetam que a cotação do metal preciso neste ano pode se aproximar de US$ 4 mil por onça-troy - Envato
Analistas projetam que a cotação do metal preciso neste ano pode se aproximar de US$ 4 mil por onça-troy

Por Fabiana Holtz e equipe Broadcast

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Publicado em 15/07/2025, às 12h12

São Paulo, 15/07/2025 – A cotação do ouro, metal precioso historicamente visto pelos investidores como um porto seguro em momentos de instabilidade econômica e política, segue operando próximo da máximas em meio ao renovado clima de incerteza ante a nova rodada de tarifas anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

Nesta terça-feira, com a expectativa por negociações, o contrato de ouro com vencimento em agosto registrava leve alta de 0,19%, cotado a US$ 3.365,40 por onça-troy, na Comex, divisão de metais da Bolsa de Nova York (Nymex). Em 22 de abril, no auge da guerra comercial iniciada pelos EUA, a commodity atingiu a marca de US$ 3.500 pela primeira vez na história. Em 12 meses, o metal acumula alta de quase 40%, enquanto no mesmo intervalo o Ibovespa subiu 5,6%.

Diante dos constantes riscos geopolíticos no âmbito internacional, alguns analistas projetam que a cotação do ouro neste ano possa chegar a US$ 3,7 mil até US$ 4 mil por onça-troy.

Na visão de Hugo Queiroz, sócio e head de corporate advisory da L4 Capital, a imprevisibilidade dificulta as projeções, mas ele acredita que a cotação deve se manter próxima do atual patamar nos próximos meses. “Conforme forem saindo os acordos comerciais com os EUA a tendência é que o preço recue um pouco”, estima.

Na leitura do mercado, novos impostos sobre diversos países além do Brasil, incluindo as importações do cobre, reforçam a sensação de incerteza antes do prazo final de sua implementação, em 1º de agosto. A semana promete ser de negociações. Além de ser definida como inadequada pelos especialistas, o governo brasileiro tem alegado que a nova tarifa de 50% para produtos brasileiros não se justifica.

Para Gustavo Bertotti, head de renda variável da Fami Capital, a tendência para o ouro é de alta nos próximos meses, mas um alívio nas medidas de barreiras comerciais pode limitar a trazer certa estabilidade para esse mercado. “Historicamente, esse metal precioso é visto como uma estratégia de hedge (proteção) e hoje você pode até investir na bolsa, com boa liquidez”, explica.

Resiliência histórica

As formas mais comuns de investir em ouro são fundos de investimento que têm o metal como ativo principal, ou via ETFs, que são fundos negociados em bolsa, como se fossem ações.

No site da B3 você encontra mais detalhes como entrar nesse mercado, que pode ser uma opção para diversificar sua carteira com ativos mais seguros.

A medida-padrão do ouro é a onça-troy, que equivale a 31,1 gramas. Já no mercado de câmbio global, o ouro é identificado pela sigla XAU, e guarda relação com o valor do dólar. Dessa forma, há quem avalie o preço do ouro em relação ao dólar (USD), na razão de XAU/USD, que corresponde ao preço do ouro à vista em dólar.

Investir neste metal precioso, historicamente conhecido como um dos pilares da economia global, significa também limitar perdas em momentos de forte instabilidade geopolítica, como o atual. 

Isso porque em 1971, o ouro deixou de ser a base para a cotação do dólar, com o fim do que ficou conhecido como padrão dólar-ouro. Com isso, o metal não estava mais atrelado diretamente a fatores como inflação e questões da política monetária do Federal Reserve (Fed) . Sua cotação passou a depender mais fortemente da dinâmica de oferta e demanda.

Em 2025, temos além da instabilidade no âmbito geopolítico (que vinha impulsionando os contratos de ouro no segundo desde o segundo semestre do ano passado), o tarifaço de Trump deu mais força a esse movimento de alta no início de abril. “O conflito entre Irã e Israel foi um dos principais catalizadores para essa alta, aliado ao tarifaço”, explicou Bertotti.

E essa onda de protecionismo ameaça respingar em uma fonte importante de crescimento para os países emergentes: os investimentos estrangeiros diretos, com impactos para a economia doméstica. Por aqui, o foco segue na regulamentação da chamada Lei da Reciprocidade, que pode ser usada para responder às tarifas dos EUA.

Além da tarifa de 35% imposta aos canadenses, Trump anunciou no final de semana que o país deve impor tarifas de 30% sobre importações do México e da União Europeia, a partir do próximo mês. Em cartas direcionadas às autoridades, Trump informou que as tarifas serão aplicadas de forma separada de outras tarifas setoriais e que produtos redirecionados para evitar uma tarifa maior estarão sujeitos à tarifa mais alta.

Palavras-chave B3 ouro investimento proteção

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