São Paulo, 15/07/2025 - A
tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos pode ter um impacto de cerca de R$ 50 milhões por avião da
Embraer, calcula a companhia. Com isso, os efeitos nas receitas da fabricante seriam próximos a R$ 2 bilhões em 2025 e de R$ 20 bilhões até 2030.
"A taxa de 50% é praticamente um embargo. Esse patamar inviabilizaria as operações da Embraer nos Estados Unidos", afirmou o CEO da companhia, Francisco Gomes Neto.
Impactos
Gomes Neto destacou que os EUA são o principal mercado para a Embraer. As exportações para clientes norte-americanos representam 45% em jatos comerciais e 70% em jatos executivos.
A fabricante prevê que as sobretaxas poderiam gerar cancelamentos de pedidos, considerando a alta exposição ao mercado dos EUA. "Clientes da aviação comercial podem não querer receber aeronaves, porque o imposto muito elevado afetaria o plano de negócios deles", disse Gomes Neto.
A lista de possíveis efeitos inclui ainda a revisão do plano de produção, redução de investimentos e possível ajuste no quadro de funcionários. No entanto, até o momento, a Embraer não registrou cancelamento de pedidos. "Nosso plano de entregas e produção segue inalterado", reforçou Gomes Neto.
Boa base para negociar
A Embraer tem uma "boa base" para negociar uma alíquota de 0% para o setor de aviação, a exemplo do que ocorreu entre o Reino Unido e os Estados Unidos.
Gomes Neto argumenta que a companhia produz nos EUA e possui componentes norte-americanos em suas aeronaves. "A Embraer é exemplo de relação ganha-ganha com os EUA", acrescentou.
Com operação nos EUA há mais de 45 anos, a companhia emprega atualmente quase 3 mil profissionais qualificados no país. Além disso, possui mais de US$ 3 bilhões em ativos, enquanto cerca de um terço dos voos regionais em grandes aeroportos dos EUA são com aviões da Embraer.
O CEO da Embraer informou que a empresa tem buscado maneiras de mitigar os possíveis impactos financeiros das sobretaxas, que poderiam chegar a R$ 20 bilhões até 2030. Diante dessas cifras, Gomes Neto avalia que as tarifas podem ter impacto similar à crise da covid para as receitas da companhia.
"Estamos trabalhando para atenuar as tarifas, mas o impacto é muito grande. Se com 10% já é difícil, com 50% é ainda mais", complementou, ressaltando que mesmo o patamar atual afeta negativamente a competitividade da fabricante brasileira.
O executivo, no entanto, avalia que as medidas podem ser revertidas. Além da boa relação entre Embraer e Estados Unidos, ele argumenta que o setor aeronáutico é altamente globalizado. Com isso, as taxações afetariam também as concorrentes. "A alíquota zero é boa para as empresas no geral, porque vendemos para diferentes países", complementou.