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Por Humberto Dantas*
redacao@viva.com.brSão Paulo, 08/10/2025 - A Fipe divulgou, no final da última semana, o resultado mensal de setembro do IPC 60+, o Índice de Preços ao Consumidor calculado para famílias paulistanas compostas exclusivamente por pessoas com 60 anos ou mais, que possuem renda entre 1 e 10 salários-mínimos.
Pela quarta vez no ano, o comportamento dos preços impactou discretamente menos os lares de idosos. Assim, enquanto o IPC geral de setembro fechou em 0,65%, o IPC 60+ ficou em 0,62%. Em contrapartida, no ano, a inflação geral na cidade de São Paulo acumula 3,02%, enquanto o IPC 60+ atinge 3,43%.
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No acumulado de 12 meses, nova desvantagem para os idosos: 5,73% contra 5,41% do Índice Geral. Em resumo, a idade é variável que cobra caro em relação ao comportamento dos preços em São Paulo.
As principais quedas de setembro estão associadas aos alimentos in-natura, com destaque para a cebola (-20,6%), a batata (-15,3%) e o tomate (-13,4%), enquanto o vilão do mês foi a energia elétrica, que subiu 15,4%. Este item pesa, sozinho, 3,5% na cesta de itens dos consumidores em geral, e 3,7% na realidade 60+.
Por grupos de despesas, Alimentação causou o principal alívio do mês, com recuo de 0,70 ponto percentual na realidade dos idosos, fortemente impactado por reduções superiores a 3 pontos nos produtos in-natura, onde se sobressaíram os tubérculos e os legumes.
Já Habitação gerou o maior impacto, com aumento de 1,4%. De todos os 42 itens pesquisados nesse grupo pela Fipe, apenas a energia elétrica subiu mais de 2,5% no mês, registrando os 15,4% já apontados.
Nos acumulados de 2025 e de 12 meses, a pressão maior sobre as famílias 60+ vem, principalmente, do grupo Saúde – com destaque para Planos de Saúde e alguns medicamentos. Em 12 meses, este agrupamento subiu 9,5%, o mesmo ocorrendo em 2025, com 7,7% - mais que o dobro do IPC 60+ no ano.
Aqui é importante salientar que enquanto Saúde pesa 6,1% na estrutura do IPC Geral, no IPC 60+ este valor é quase três vezes maior: 16,3%. Tal diferença explica, em boa medida, as razões de o idoso ser mais impactado pelos preços em São Paulo.
Humberto Dantas é doutor em ciência política pela USP e professor universitário. A pedido do Viva, o especialista avalia o custo de vida dos idosos à luz do IPC-Fipe.
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