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Linha para reforma ocupa vácuo do Construcard e alegra setor de materiais

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Expectativa é que a medida venha renovar o fôlego das vendas de materiais, que esfriou nos últimos meses em razão do juro alto - Envato
Expectativa é que a medida venha renovar o fôlego das vendas de materiais, que esfriou nos últimos meses em razão do juro alto

Por Circe Bonatelli, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 22/10/2025, às 09h31
São Paulo, 21/10/2025 - O Reforma Casa Brasil programa de crédito para reforma de moradias, anunciado na segunda-feira, tende a ocupar o vácuo deixado por uma tradicional linha de financiamento para compra de materiais que foi suspensa pela Caixa Econômica em 2019 e não voltou mais: o Construcard. A expectativa é que a medida anunciada pelo governo federal renove o fôlego das vendas de materiais, que esfriaram nos últimos meses em virtude dos juros altos. A comercialização desses itens depende de crédito, seja por meio de empréstimos pessoais, cartão de crédito ou demais alternativas - que estavam escassas.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Paulo Engler, acredita que o novo programa pode dar uma guinada nas vendas do setor. "É algo extremamente positivo para o setor. Se deslanchar em novembro e dezembro, pode trazer alguma movimentação importante ainda este ano", declarou Engler, em entrevista. "Se o programa surtir o efeito previsto, talvez, tenhamos que repensar novamente as projeções de vendas, mas agora para cima", disse.
Em setembro, a Abramat reduziu a previsão de alta nas vendas do setor neste ano diante da piora dos resultados no começo deste semestre. A expectativa é que a comercialização de materiais tenha um crescimento de apenas 1,8% em 2025, enquanto a projeção inicial era de avanço de 2,8%.
Leia também: Lula lançará 'Reforma Casa Brasil', crédito habitacional para classe média
 "O setor de construção está em um momento não muito positivo, bastante desafiador por causa dos juros altos", disse o presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cássio Tucunduva, que representa as lojas. "Nos últimos dois meses, sentimos um movimento de retração nas vendas. O programa tem a total possibilidade de reverter isso. Então, vai ser de grande valia para as lojas e também para o consumidor." A projeção da Anamaco é que o faturamento do varejo de materiais tenha uma alta de 2,6% em 2025.
O presidente-executivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Fernando Guedes, avalia que o programa pode estimular uma cadeia produtiva ampla, que envolve desde pequenas lojas de materiais de construção até prestadores de serviços, profissionais autônomos e fabricantes desses itens. Terá também impacto sobre os empregos na construção, principalmente em regiões metropolitanas e cidades de médio porte. "Cada obra de reforma movimenta o comércio local e gera ocupação imediata. É um tipo de investimento que tem retorno social rápido, porque melhora o ambiente doméstico e devolve autoestima às famílias", declarou.

Vácuo

Os representantes da indústria e do comércio de materiais também destacaram a importância de os consumidores contarem novamente com uma opção específica de financiamento, que não existia mais desde o fim do Construcard. Por anos e anos, o Construcard foi a principal linha de financiamento a pessoas físicas para a construção, reforma ou ampliação de imóveis, com possibilidade de parcelar o pagamento em até 240 meses (12 anos).
Nos últimos anos em vigor, as taxas praticadas giravam em torno de 1,5% a 3% ao mês. Qualquer um podia solicitar o financiamento, desde que aprovado pela Caixa na análise de crédito. Mas ele acabou engavetado pela inadimplência alta, deixando um vácuo que não foi mais coberto.
"O Construcard sempre é relembrado, pois teve função importante para o setor lá trás. A população está há bastante tempo sem acesso a algo assim, principalmente as pessoas de menor renda", disse o presidente da Abramat.
"Lá atrás, o Construcard foi um campeão de vendas da Caixa. Sustentou boa parte das vendas nas lojas de material de construção", emendou o presidente da Anamaco. "O novo programa representa um restart para o setor. Teremos uma modalidade de financiamento que não esperávamos".

Novo programa

A meta inicial do programa Reforma Casa Brasil é atingir 1,5 milhão de contratações, de acordo com dados do governo federal. Para isso, contará com R$ 30 bilhões do fundo social do pré-sal e outros R$ 10 bilhões da Caixa Econômica, totalizando um orçamento de R$ 40 bilhões.
Os financiamentos vão de R$ 5 mil a R$ 30 mil, voltados para famílias da faixa 1 (renda até R$ 3,2 mil) e faixa 2 (renda até 9,6 mil). A taxa de juros para cada uma dessas faixas ficará na ordem de 1,17% ao mês a 1,95% ao mês, respectivamente. Já o prazo de pagamento é de até 60 meses (cinco anos). Este programa é voltado a famílias que já têm imóvel, mas enfrentam problemas estruturais ou de adequação. O valor das parcelas será limitado a 25% da renda familiar.
Com a nova linha de crédito, a expectativa é de avanço nas vendas, principalmente, de itens básicos (cimento, areia, tijolos e telhas), além de hidráulica e elétrica. "As pessoas vão querer ampliar a casa", estimou Engler. Apesar do juro não ser pequeno, a expectativa do presidente da Abramat é que ele dê condições de compra, ao contrário dos juros do financiamento pessoal ou cartões de crédito, cujas taxas estão mais altas.
"A taxa do programa é alta, mas a impressão é que o valor a ser pago vai caber dentro do orçamento da família. No Brasil, o desemprego está baixo e houve crescimento de renda. Esses fatores, congregados, ajudarão as famílias a ter condição de pagar", estimou Engler.

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