Pix Automático é aposta para aproximar Open Finance de empresas

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Quando o Pix Automático for feito via Open Finance, o recebedor poderá direcionar o recebimento para diferentes contas - Adobe Stock
Quando o Pix Automático for feito via Open Finance, o recebedor poderá direcionar o recebimento para diferentes contas

Por Cícero Cotrim e Matheus Piovesana, do Broadcast

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Publicado em 16/06/2025, às 11h45

Brasília e São Paulo, 16/06/2025 - O Pix Automático, que entra no ar nesta segunda-feira, 16, é uma aposta de agentes do mercado para aproximar o Open Finance das empresas. A penetração no segmento ainda é vista pelo Banco Central e por instituições participantes como uma fragilidade do sistema de compartilhamento de dados, que tem avançado principalmente entre pessoas físicas.

O Pix Automático elimina uma das barreiras do atual débito automático, que é a necessidade de convênios entre a empresa que vai receber o pagamento e o banco do cliente. Este fator faz com que muitos serviços não possam ser pagos através deste método, como as assinaturas de serviços digitais. Com a nova ferramenta do Pix, espera-se não só uma adesão maior das pessoas físicas, como também uma menor inadimplência em pagamentos recorrentes.

Os consentimentos únicos de transmissão de dados no Open Finance por pessoas físicas atingiram 52,23 milhões em 9 de maio, segundo dados disponibilizados pela associação de mesmo nome que gerencia a modalidade. Os consentimentos ativos de pessoas jurídicas somavam pouco mais de 617 mil no mesmo período, de acordo com a mesma base.

O que é open finance?

O Open Finance é o sistema desenhado pelo Banco Central para que os clientes dos bancos compartilhem as informações sobre suas contas entre as instituições, em busca de serviços e preços melhores. O sistema é similar aos que operam em países como o Reino Unido, e no Brasil, é o que permite o Pix por aproximação, por exemplo.

O desenho da nova modalidade - que será lançada paralelamente nos trilhos do Pix e do Open Finance - deve ajudar a atrair empresas para o modelo, por facilitar a gestão e geração de recebíveis, na avaliação de pessoas que acompanham o assunto.

Quando o Pix Automático for feito via Open Finance, o recebedor poderá direcionar o recebimento para diferentes contas, de acordo com suas necessidades e modelos de negócio. Além disso, o fluxo de contratação poderá ser feito diretamente via aplicativo ou site da empresa, eliminando a necessidade de leitura de QR Code ou uso do Pix Copia e Cola para efetivar a contratação dos serviços.

"Hoje, uma pessoa jurídica que entra no Open Finance tem de fazer um esforço grande, ela tem de querer mesmo entrar, porque tem os desafios de onboarding, a depender do banco em que está. Se ela enxerga um benefício, a dificuldade ainda existe, mas o esforço vai acontecer", diz o presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init), Jonatas Giovinazzo. "É de se esperar um aumento de consentimentos, por causa do valor agregado que muitos vão acabar absorvendo."

Entraves para empresas

Um dos entraves do Open Finance para as empresas são as chamadas alçadas. Em geral, as empresas delegam aos funcionários determinadas autorizações para que movimentem recursos em suas contas bancárias, autorizações essas que variam de acordo com o cargo e o patamar hierárquico.

Na visão de agentes de mercado, a conciliação entre as alçadas e o compartilhamento de dados ainda é complexa, o que explica a baixa adesão das pessoas jurídicas ao Open Finance. O tema é parte da agenda que o setor financeiro tem discutido tanto com a associação gestora quanto com o BC.

"O mercado está reunido e discutindo soluções para tirar um pouco dos entraves dessa jornada e impulsionar de fato a adoção do Open Finance no lado da pessoa jurídica", diz o CEO da fintech Lina OpenX, Alan Mareines.

Potencial

A Ebanx, fintech brasileira que processa pagamentos online para empresas, estima que o Pix Automático pode gerar US$ 30 bilhões (o equivalente a R$ 165,3 bilhões) em pagamentos recorrentes nos dois primeiros anos de operação. Há uma via de crescimento em especial para empresas que só aceitam cartões de crédito como meio de pagamento: segundo estimativas da companhia, 60 milhões de brasileiros não têm cartões do tipo.

O mercado vê potencial para que as empresas utilizem mais as funcionalidades do Open Finance. "A iniciação de pagamento, em algum momento, vai facilitar os pagamentos entre empresas. Na parte de dados, o Open Finance faz com que as companhias façam a gestão de caixa de maneira muito mais fácil", afirma o vice-presidente de Estratégia, Excelência e Operações da Mastercard, Mauricio Fernandes.

A empresa fechou um acordo com a Lina, que presta serviços de infraestrutura, para levar produtos e serviços do Open Finance a agentes de mercado. Um dos focos iniciais é justamente o Pix Automático.

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