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Publicado em 12/06/2025, às 11h44 - Atualizado às 11h45
São Paulo, 12/06/2025 - Para os românticos, o amor é um sentimento que leva a desejar o bem de outra pessoa. É um sentimento de afeto, ternura e apego, que pode se manifestar em diferentes formas e intensidades. Para os solteiros, pode significar amor-próprio ou busca por autoconhecimento. Já para um químico, o amor nada mais é que é um verdadeiro experimento bioquímico que ocorre dentro do cérebro humano. E, para o comércio, o Dia dos Namorados ajuda nas vendas.
Seja por amor, química ou objetivo financeiro, o Dia dos Namorados é uma data importante, que mistura tudo isso: há pessoas suspirando pelo amado (a), neurotransmissores e moléculas fazendo o coração bater mais forte e lucros para o comércio.
De acordo com Michel Arthaud, professor de Química da plataforma Professor Ferretto, desde a primeira troca de olhares até os laços mais duradouros, as relações amorosas estão ligadas a substâncias como dopamina, serotonina, oxitocina e feromônios.
“Durante a paixão, o cérebro entra em um verdadeiro redemoinho químico. A beta-feniletilamina, conhecida como o ‘gatilho da paixão’, acelera a comunicação entre os neurônios. Em seguida, entram em cena dopamina (responsável pela sensação de prazer), adrenalina, serotonina e outras moléculas que causam euforia, falta de apetite e aquela sensação de ‘borboletas no estômago’”, explica.
O professor ressalta ainda que nas fases iniciais do amor, os sintomas se parecem com os de um vestibulando antes da prova: suor nas mãos, insônia e um foco quase obsessivo no objeto de desejo. Com o tempo, o cérebro sai da tempestade e entra em águas mais calmas. A paixão dá lugar ao amor seguro e maduro, onde hormônios como oxitocina e vasopressina promovem vínculos duradouros, afeto e confiança.
“É a fase em que os casais trocam juras de amor entre um café e outro, e não precisam de tempestades hormonais para manter a conexão.”
Para Flávia Anjos, psicanalista e vice-presidente da Sow Saúde Integral, o amor não deve ser colocado em “caixinhas”. “Na psicanálise, acreditamos que o amor é visto como um encontro entre desejos, necessidades inconscientes. Nós amamos não só o que o outro é mas também o que ele representa para nós. O amor não cabe em definições, tampouco em slogans”, afirma.
Para os solteiros, Anjos avalia que a data pode trazer sentimentos de tristeza e solidão. O apelo comercial e o excesso de campanhas publicitárias voltadas à ocasião podem contribuir para esses sentimentos. A psicanalista pondera que é importante reconhecer o que se sente e não se julgar.
“Só quando entendemos o que de fato sentimos, podemos fazer escolhas diferentes.”
Ela ressalta que é um mito pensar em amor romântico. “Amor é uma experiência e pode estar presente em outras relações, não só em uma relação afetiva. Uma questão importante é investir em si mesmo, cuidar da autoestima, se valorizar e, principalmente, evitar comparações. Estamos muito adoecidos por estarmos nos comparando tanto”, afirma, mencionando redes sociais.
Os posts mostram pequenos recortes de uma vida. "A vida perfeita, linda, só existe nos comerciais de margarina, sem boletos para pagar, sem problemas. A vida real, tal como ela é, exige lidar com uma série de aspectos, inclusive com frustrações e dores”, diz. Além disso, criar uma relação amorosa "envolve muita disponibilidade, muito querer", afirma a psicanalista.
Não existe idade para amar. Vera Lucia Cardoso Martins, de 76 anos, e José Saraiva, de 78, são prova de que é possível amar em qualquer idade. Os dois se conheceram na Casa de Clara, projeto de acolhimento em Mogi das Cruzes, São Paulo. Ambos viúvos, encontraram no espaço um novo sentido para a vida.
Vera chegou à Casa de Clara num momento delicado. Estava se sentindo isolada e sem motivação após a viuvez. Foi no convívio com outras pessoas idosas e nas atividades oferecidas pelo projeto que ela recobrou a alegria e disposição. José também frequentava o local e, como ela, buscava novos vínculos afetivos.
A aproximação aconteceu de forma natural, durante uma das atividades do projeto, a confecção de fitas roxas para o Dia da Consciência Negra. Os dois foram conversando e se conhecendo melhor e construindo uma conexão especial. Aí, veio a brincadeira: "vamos ver se dá certo?" Deu. Começaram a sair juntos, fazer passeios, e a relação foi acontecendo de forma natural e sincera.
Há mais de um ano eles compartilham momentos juntos, cada um em sua casa, mas com companheirismo. “Eu não pensava em namorar, me sentia muito sozinha, foi natural. Ele é uma pessoa amável, bom papo e muito prestativo”, diz ela. “Eu também me sentia sozinho e tinha medo do preconceito das pessoas sobre namorar nesta idade”, revela ele.
O casal Vera e José dá um conselho: “Deixem de lado o que os outros falam, não ligue para críticas, e siga seu coração".
Marcos Holtz, 52 anos, o mais novo solteiro da praça, diz que estar sozinho não é um problema e pode ser muito positivo. Ele foi casado por 23 anos e está solteiro há cerca de um ano, contente com o novo status. “É uma sensação de liberdade, é algo que ainda não vivi e pretendo aproveitar", conta. Um dos destaques é a relação com a filha, de 18 anos. "Agora, realmente, tenho um momento de oportunidade bem particular com ela”, afirma.
“Esse lugar de não investir num companheiro ou companheira é também um movimento muito saudável de poder entender que a sua vida não vai ter menos amor se ela não tiver um par romântico”, avalia a psicanalista e escritora Carol Tilkian.
Sobre passar o Dia dos Namorados sozinho, Holtz diz que não vê nenhum problema e defende que não é necessário ter alguém ao seu lado o tempo todo.
Estou aprendendo que para estar bem com alguém o primeiro passo é saber curtir a vida e viver bem sozinho. Acho que até me torno um companheiro melhor para alguém dessa maneira.”
Hoje, ele já marcou de encontrar outros amigos que também estão solteiros para tomar uma cerveja juntos.
O Dia dos Namorados, que é considerada uma das três datas mais relevantes para o comércio. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que a data deve movimentar R$ 2,75 bilhões no comércio varejista brasileiro neste ano, uma alta de 3,2% em relação ao desempenho na mesma data de 2024.
Já a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), estima que cerca de 93 milhões de consumidores planejam presentear seus parceiros na data, mesmo diante de desafios econômicos. O gasto médio estimado por presente é de R$ 238, com destaque para itens como roupas (38%), perfumes e cosméticos (34%), calçados (20%), jantares (20%) e chocolates (18%). A maioria dos consumidores (61%) pretende comprar apenas um presente, enquanto 27% planejam adquirir dois itens.
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