Divulgação/Fazendas Bioma
Publicado em 27/08/2025, às 08h14 - Atualizado às 12h19
São Paulo, 27/08/2025 - Os microverdes, ou jovens hortaliças, que são colhidas com poucos dias após a germinação, estão conquistando consumidores que além de consumi-los também querem cultivá-los em casa. Mas atenção: essas hortaliças só brotam uma vez como microverdes, depois podem ser germinadas como planta adulta.
Essas plantas são colhidas de sete a 21 dias após a germinação, quando atingem cerca de 10 centímetros de comprimento e, além de ter um sabor mais concentrado, possuem cerca de 40 vezes mais nutrientes do que as plantas adultas porque não usam nenhum tipo de agrotóxico. Geralmente, são utilizadas para finalizar pratos de restaurantes, dar crocância em sanduíches, colorir saladas, incrementar sucos, drinks, entre outras opções.
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De acordo com artigo assinado pelo chefe-geral da Embrapa Hortaliças, Warley Marcos Nascimento, os tratos culturais da produção de microverdes são diferentes dos realizados no cultivo de produtos já conhecidos como brotos e folhas “baby leaf”. Isto porque brotos são basicamente sementes germinadas de cereais, leguminosas, oleaginosas e hortaliças com ciclo de produção ainda mais curto.
Os microverdes diferem dos brotos por necessitarem de um meio de cultivo e luminosidade. Já as baby leaf, ou folhas de colheita jovem, são produzidas por um período mais curto em comparação com as mesmas culturas colhidas em seu ciclo comum.
O artigo aponta que os microverdes podem tornar a alta cultura gastronômica mais democrática e acessível. Segundo descreve a Embrapa, eles possuem sabor marcante - sendo apreciados até mesmo pelo público que não tem o hábito de consumir hortaliças, com textura tenra e delicada, além de apelo visual.
A bióloga Luísa Carvalho Andrade Santana, e sócia da Cultiveae, empresa que produz alimentos frescos em cultivos urbanos, explica que não há diferença nas sementes usadas para cultivar os microverdes.
Embora a semente seja a mesma, para a produção do microverde ela não passa por tratamento químico, ao contrário do que acontece com as culturas tradicionais.
Santana explica ainda que essas hortaliças são um pouquinho mais caras do que as espécie maduras. Para se ter uma ideia de valor, a Cultiveae vende 15 gramas de rúcula por R$ 15,00.
A bióloga acredita que a busca desse produto se deve à eficácia na nutrição e também pelo sabor intenso. “O sabor dos microverdes é ressaltado. Quando você come um uma folhinha de beterraba, você já sente. Ele dá uma elevação no sabor do seu prato, mesmo com pouquíssima quantidade, além de ser extremamente nutritivo”, avalia.
Além disso, os microverdes têm um impacto ambiental positivo, pois seu cultivo consome muito menos água e espaço comparado à agricultura tradicional, segundo Leandro Mello, coordenador de marketing da ISLA Sementes. "Isso os torna uma opção sustentável para a produção de alimentos em áreas urbanas, ajudando a reduzir o desperdício”, diz.
Cultivar microverdes em casa, embora pareça fácil, requer atenção. Primeiro, é preciso saber que, por serem produzidos sem nenhum tipo de química, após a primeira colheita a semente não tem mais vitamina para continuar crescendo. Portanto, trata-se de um cultivo único.
Para que a planta cresça e se desenvolva, após chegar no tamanho do microverde, a hortaliça deve ser levada para outro vaso, com a terra e o adubo adequado. Neste caso, a planta na sua primeira fase de vida funciona como uma muda que será replantada em outro local e assim poderá se desenvolver normalmente.
A CEO da Fazendas Bioma, uma rede de fazendas urbanas verticais inteligentes, Laila Ribeiro, explica a grande diferença entre a produção de microverdes para consumo próprio e em escala comercial. A produção comercial exige alta qualidade, padronização e constância, o que é desafiador devido à sensibilidade dos microverdes.
“As fazendas verticais estabilizam as variáveis ambientais para garantir que os produtos mantenham a mesma qualidade de forma consistente, o que é crucial para clientes como chefs de cozinha e supermercados, que precisam de um fornecimento confiável.”
Ribeiro ressalta ainda que as fazendas verticais também são mais sustentáveis do que uma plantação comum. “Como é um cultivo mais rápido - entre o plantio e a colheita -, o ciclo de produção consome menos recursos naturais. E quando falamos de uma produção em fazendas verticais, a otimização de recursos naturais é ainda maior."
Um dos pontos principais é o ciclo fechado de irrigação. "É basicamente uma caixa d'água que emchemos e dura o ciclo todo do microverde. É diferente da agricultura tradicional, que despeja a água na terra”, observa.
De acordo com a executiva, o potencial de mercado no Brasil é de 600 fazendas, ou 20 mil quilos por mês de microverdes. “Fizemos um mapeamento no Brasil e identificamos o potencial e as regiões com maior demanda por este produto”, explica.
Inclusive, a Fazendas Bioma planeja abrir sistema de franquias, a começar pela região Sul do País, ainda este ano. De acordo com Ribeiro, a franquia deve custar entre R$ 100 mil e R$ 140 mil, já incluso taxas e os insumos, com expectativa de retorno mensal de R$ 50 mil a R$ 60 mil, para a produção a partir de 30 mil quilos por mês das hortaliças.
Para quem quer começar a cultivar essas hortaliças em casa, a Isla Sementes dá alguma dicas:
- Após escolher a variedade de microverdes que deseja plantar, selecione um local em sua casa que receba bastante luz, evitando a falta de luminosidade que pode prejudicar o crescimento. Não é necessário ser luz natural, a luz artificial basta.
- Escolha um vaso, bandeja ou floreira de sua preferência, preferencialmente com boa drenagem para evitar o acúmulo de água e manter as raízes saudáveis.
- Coloque um substrato leve, como terra vegetal ou fibra de coco, misturado com adubo para nutrir suas plantas. Distribua as sementes de maneira uniforme sobre o substrato, sem enterrá-las demais.
- Regue diariamente com cuidado, usando um borrifador para manter a umidade ideal, sem encharcar.
- Em cerca de 7 a 21 dias, seus microverdes estarão prontos para a colheita.
Rúcula Surya – Picante e marcante, ótima para saladas e sanduíches. Rica em vitaminas C e K, pronta para colher em cerca de 10 dias, com cultivo simples em recipiente raso e luz indireta.
Beterraba Shankar – Doce e colorida, dá vida a saladas e sucos. Fonte de vitaminas A, C e ácido fólico, cresce rápido em local iluminado e substrato úmido.
Coentro Maya – Frescor intenso para guacamole e pratos mexicanos. Rico em vitamina C e antioxidantes, cultiva-se facilmente em vaso raso e boa luminosidade.
Manjericão Padma – Aroma herbal para massas e pizzas. Fonte de vitaminas K e A, cresce rápido em vaso pequeno próximo a janelas ensolaradas.
Girassol – Crocante e suave, ideal para saladas e bowls. Rico em proteínas vegetais e vitamina E, precisa de substrato de qualidade e regas regulares.
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