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Projeto incentiva pessoas mais velhas a dançar balé e resgatar autoestima

Reprodução Instagram

Projeto Aulão do Bem, criado por Lu Fernandez, procura mostrar que nunca é tarde para começar a dançar balé - Reprodução Instagram
Projeto Aulão do Bem, criado por Lu Fernandez, procura mostrar que nunca é tarde para começar a dançar balé
Alessandra Taraborelli
Por Alessandra Taraborelli alessandra.taraborelli@viva.com.br

Publicado em 24/11/2025, às 08h01 - Atualizado às 15h19

São Paulo, 24/11/2025 - Dançar balé faz parte do imaginário de muitas meninas, mas será que tem idade para iniciar esta atividade? Se depender de Lu Fernandez, 64 anos, empresária do ramo de artigos de dança do Rio de Janeiro, não.

Ela começou a dançar balé aos 60 anos e, após realizar seu sonho percebeu que, assim como ela, muitas pessoas com a mesma ou mais idade gostariam de praticar a dança. Diante desta realidade ela criou o “Aulão do Bem”, um projeto social que busca, por meio de aulas gratuitas, tornar as aulas de balé acessíveis para pessoas com 50 anos ou mais.

Leia também: Grupos de convivência para pessoas 60+ combatem 'epidemia' de solidão

Alunas do aulão do bem
Lu Fernandez coordena o Aulão do Bem, no Rio de Janeiro, e quer expandir para outros Estados. Foto: Arquivo pessoal

O projeto tem como madrinha a eterna primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo, cuja presença e apoio simbolizam o compromisso do Aulão do Bem com a arte, a inclusão e o poder transformador da dança.

O Aulão do Bem nasceu com um propósito solidário e isso continua sendo o coração do projeto, explica a fundadora. “A cada ano, abraçamos uma instituição e destinamos a ela 100% das doações feitas pelos participantes. Essas contribuições são realizadas em dinheiro, diretamente na conta da instituição beneficiada”, explica, ressaltando que neste ano o projeto escolhido foi o ViDançar, e no ano passado o projeto apoiou o Retiro dos Artistas.

Lu Fernandes e Dalal Achcar posam para foto
Lu Fernandez e Dalal Achcar - Arquivo pessoal

Agora, ela conta que vai viver uma nova e importante experiência, a de subir ao palco pela primeira vez, a convite da Dalal Achcar, 88 anos, mestre de balé, coreógrafa e diretora artística, em uma coreografia criada por ela.

“Dalal é uma das figuras mais importantes da dança no Brasil; uma mulher visionária, que há décadas forma gerações de bailarinos e mantém vivo o legado do balé clássico no país. Ser convidada por ela é, para mim e para todos nós, uma honra e um símbolo do quanto o Aulão do Bem tem tocado corações e aberto caminhos”.

Ela ressalta ainda que quando uma mulher se vê representada, ela se permite tentar. “Acredito que isso inspira outras mulheres, outros projetos e até profissionais de saúde a olharem para essa fase da vida com mais respeito e sensibilidade”.

Lu explica ainda que a doação é uma condição para participar do aulão, e ressalta que não se trata de uma aula gratuita, mas também não é um serviço pago. Os valores sugeridos são entre R$ 45, R$ 60 e R$ 80, de acordo com as possibilidades de cada um.

As professoras Cláudia Freitas e Mirian Lobo também abraçaram o projeto desde o início, com sensibilidade, generosidade e excelência técnica, sendo fundamentais para a construção dessa jornada.

Nunca é tarde para ser bailarina

A empresária lembra que quando começou no balé, aos 60 anos, percebeu o quanto essa experiência podia transformar vidas; não apenas o corpo, mas a alma. Ela diz que a ideia foi criar uma oportunidade para que mais pessoas sentissem isso: um espaço acessível, acolhedor e sem julgamentos, um encontro físico, emocional e social, sem suas palavras.

“Há movimento, há música, há emoção. É uma aula que trabalha o corpo, mas principalmente o pertencimento, a autoestima e a alegria de estar junto. Cada um sai mais leve e mais conectado à própria essência”, afirma.

Lu conta que ao longo do projeto percebeu várias transformações das participantes, como o fato de muitas chegarem tímidas e inseguras e saírem com o “olhar brilhando” ao redescobrirem a própria força, mostrando que é possível envelhecer com movimento, com leveza, com beleza e propósito.

Há quem volte a sonhar, quem faça novas amizades, quem se reconcilie com o espelho. É bonito ver como o balé acolhe, cura”.

Desafios de ter mais de 50 anos

De acordo com a empresária, o maior desafio é lidar com o olhar do outro; o olhar que subestima, que desacredita, que acha que já passou o tempo. Mas avalia, que também é um tempo de libertação. Ela ressalta que a maturidade dá coragem “para sermos quem somos, para começar o que ficou adiado e para entender que envelhecer é um privilégio”.

A empresária, que mantém o perfil Ballet aos 60 no Instagram, também conta que já sofreu preconceito etário muitas vezes.

“Já recebi comentários cruéis. Pessoas que disseram que eu estava ridícula, que eu deveria estar num asilo... Mas transformei esses ataques em combustível. Hoje, cada passo meu é uma resposta silenciosa ao preconceito: uma prova de que o corpo pode envelhecer, mas a vontade de dançar não envelhece nunca.”

Novos projetos

Os projetos não param por aí. A empresária planeja uma nova etapa do projeto: “Ballet aos 60 Social”. É um projeto que visa levar aulas gratuitas de balé a comunidades com menos acesso à arte, com foco nas pessoas acima de 50 anos. Há planos também de levar o aulão para outros Estados, além de São Paulo e Espírito Santo, mas para isso precisa de apoio para custear transporte, hospedagem e alimentação da equipe, de cinco pessoas.

Lu Fernandez afirma ainda que, enquanto puder, vai dançar, inspirar e abrir caminhos para que outras pessoas façam o mesmo. “O Aulão do Bem continuará sendo o coração pulsante dessa transformação”, finaliza. Conheça mais sobre o projeto no perfil do Instagram @aulaodobemoficial

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