Viajante 50+ quer contato com natureza sem abrir mão de conforto, diz pesquisa

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Principal motivação das viagens das pessoas maduras é lazer e descanso, lugares novos e contato com a natureza - Envato
Principal motivação das viagens das pessoas maduras é lazer e descanso, lugares novos e contato com a natureza

São Paulo, 12/08/2025 - Viajar é uma experiência enriquecedora, capaz de renovar corpo, mente e alma. As pessoas com mais de 50 anos sabem disso e querem viajar mais. Pesquisa realizada pela Em Velha Sendo e a 8 Vias Consultoria e Planejamento mostra que a maioria dos entrevistados, 41%, afirma viajar três ou mais vezes por ano, 39% deles faz viagens duas vezes por ano e 20%, uma vez por ano. Mas a frequência está abaixo do desejado: 79% dos entrevistados desejam viajar mais do que hoje, enquanto apenas 21% estão satisfeitos assim.

Para Luciana Oliveira, turismóloga e ativista da longevidade, coordenadora da pesquisa, um dos pontos que mais chamou a atenção é o fato dessas pessoas estarem motivadas em viajar para lugares que tenham contato com a natureza.

“A gente percebe que estar perto da natureza não é mais uma questão só de jovens ou de um bloco específico etário. Isso foge àquela ideia de turistas idosos viajando nos grupinhos de excursão de uma forma  passiva”, avalia. Segundo ela, a pesquisa contribui para mostrar uma outra visão do que se imaginava ser o turista idoso. "Não é aquela pessoa pacata, sentadinha numa cadeira olhando o mar. As pessoas mais velhas hoje querem muito mais experiências e interagir”, revela.

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O levantamento mostrou que a principal motivação das viagens é lazer e descanso, conhecer lugares novos, visitar familiares e amigos, buscar contato com a natureza, entre outros. Ao definir os critérios indispensáveis na escolha do destino, conforto e bem-estar lideram as respostas, seguido de hospedagem, infraestrutura geral, entre outros.

A questão preço foi apontada pela maioria dos respondentes como um fator relevante na compra de serviços turísticos e muito relevante; com 85% e 47% respectivamente.

Quanto a acessibilidade, 18% atribuem muita relevância ao tema, e um grupo intermediário, representando 26%, reconhece alguma importância. Já 49% dos respondentes consideram a acessibilidade de pouca ou nenhuma relevância.

Destinos próximos

A pesquisa mostrou que em relação à frequência de viagens para destinos dentro do Estado de residência, a maioria 46% respondeu que viaja "às vezes", seguida por "sempre" (32,5%), evidenciando o consumo de destinos próximos e viagens curtas, como já ocorria no pós-pandemia. Apenas raramente (16,5%) ou nunca (4,6%) viajam dentro do próprio Estado.

As viagens para outras regiões do País, que envolvem maiores deslocamentos, também são feitas: "às vezes" (54,4%), seguida por "raramente" (27,8%), e então "sempre" (13,1%) e "nunca" (4,6%).

No caso das viagens internacionais, o padrão de resposta também prioriza "às vezes" (42,6%), seguido por "raramente" (27,8%). Os que "sempre" viajam ao exterior (14,8%) estão em equilíbrio com aqueles que "nunca" o fazem (14,8%).

Apesar da distribuição ser relativamente estável, o número de pessoas que afirmam nunca viajar internacionalmente é significativamente mais alto do que para viagens nacionais.

De acordo com o levantamento, as barreiras para viajar com mais frequência são: falta de dinheiro (31%), falta de tempo (19%), ambos (17%), dificuldade de planejamento (6%) e falta de companhia (4%).

No tipo de viagem, 70% das pessoas valorizam destinos que oferecem serviços integrados, enquanto 36% atribuem alguma relevância e 30% muita relevância. Apenas 30% consideram esse fator pouco ou nada relevante. Essa preferência revela o desejo por experiências completas, que combinem descanso, bem-estar e lazer – uma oportunidade para destinos que desejam se diferenciar.

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Luciana Oliveira, coordenadora da pesquisa, ressalta que qualidade de atendimento é importante para os 50+ - Divulgação

Oliveira avalia que existe um grande potencial de negócios no setor de turismo, mas é preciso que empresas e fornecedores comecem a olhar com mais atenção para este público. “Sem dúvida o setor de viagem tem potencial de crescimento, mas ele precisa ressignificar o que é esse consumidor 50+. A pesquisa mostra, por exemplo, que conforto é uma palavra muito forte para este público. É um turista que quer, por exemplo, o contato com a natureza, mas também uma cama confortável, um chuveiro quente, não quer perrengue”, avalia.

Ela acrescenta ainda que, embora seja uma dicotomia, é preciso entender que ao mesmo tempo que essa pessoa está conectada e busca as informações nas redes sociais para viajar, ela também quer ser atendida por um agente de viagem.

Para isso, é necessário que o agente de viagem se torne mais personalizado. E também que os empreendimentos entendam que esse público tem um perfil diferenciado de consumo. Qualidade no atendimento é um diferencial muito forte”, pondera.

Destinos preferidos

Entre os destinos do sonho no Brasil, há uma pulverização. Os três mais citados são Fernando de Noronha (16%), Nordeste, tanto litoral quanto cidades (13%) e Amazônia, Amazonas e Norte (11,3%).

A análise dos destinos internacionais considerados “viagem dos sonhos” pelos respondentes mostra um predomínio marcante da Europa, tanto por países específicos como por menções genéricas ao continente. O interesse é fortemente voltado a história, cultura, gastronomia e turismo clássico europeu, com destaque para Itália, Grécia e uma série de outros destinos europeus consolidados.

Outras regiões do mundo também aparecem com relevância, especialmente a Ásia, pela riqueza cultural, exotismo e espiritualidade. Destinos como Japão, Tailândia e China foram mencionados diretamente, além de referências ao Sudeste Asiático.

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Gasto diário

Quando perguntados sobre o gasto médio diário no destino (sem considerar hospedagem, transporte ou alimentação principal), a maioria dos entrevistados se concentra nas faixas intermediárias. O grupo mais expressivo afirmou gastar entre R$ 100 e R$ 250 por dia, seguido pelos que gastam de R$ 250 a R$ 400. Um público menor declarou gastos superiores a R$ 400 por dia, enquanto uma fatia mais modesta, disse gastar até R$ 100 diários.

Esses dados indicam que, embora o controle de orçamento seja relevante para esse público, existe uma parcela significativa com disposição para investir em passeios, compras e experiências durante a viagem. O perfil predominante é de viajantes que equilibram custo-benefício com qualidade, sem abrir mão de certas comodidades ou atrativos.

“Meu sonho é que as empresas e os destinos consigam enxergar esse público, que é invisibilizado e percebam que eles têm um pouco de tudo que aquilo que os empreendimentos querem: é um público que pode viajar fora dos períodos de temporada; em alguns casos em condições de tíquete médio maior do que outras faixas de etárias, por exemplo". 

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