Construção ultrapassa 3 milhões de empregos pela 1ª vez em mais de uma década

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De acordo com a CBIC, o setor mantendo um ritmo forte de geração de empregos, mas há falta de trabalhadores qualificados - Envato
De acordo com a CBIC, o setor mantendo um ritmo forte de geração de empregos, mas há falta de trabalhadores qualificados

Por Circe Bonatelli, da Broadcast

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Publicado em 28/07/2025, às 12h35

São Paulo, 28/07/2025 - A construção civil atingiu a marca de 3,066 milhões de trabalhadores com carteira assinada em maio. Com isso, o setor superou o patamar de 3 milhões desde outubro de 2014 e se aproximou do recorde de 3,07 milhões, registrado em outubro de 2013.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, e foram compilados e divulgados hoje pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

De janeiro a maio deste ano, foram 149,2 mil vagas criadas pela construção, mantendo o ritmo aquecido dos anos anteriores. Desde 2020, foram 948 mil novas vagas.

Leia também: Brasil registra 148,9 mil empregos formais em maio; jovens se destacam

"Estamos mantendo um ritmo forte de geração de emprego no setor", frisou a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos. "Do total de vagas geradas no País este ano, 14,2% do total vieram da construção, o que mostra a importância do setor", emendou.

O presidente da CBIC, Renato Correia, apontou que a criação de vagas é resultado da expansão dos lançamentos e das vendas de imóveis residenciais nos últimos anos, bem como dos investimentos expressivos no segmento de infraestrutura - todos esses empreendimentos anunciados estão se transformando em canteiros de obras, explicou. "É importante ressaltar que a boa empregabilidade da construção se deu pelos contratos vigentes", disse Correia.

Ainda que o juro alto force uma desaceleração da economia brasileira, a tendência é que o setor da construção continue registrando geração de vagas em função desses projetos em andamento, estimou o presidente da CBIC. "Há uma manutenção das [criações de] vagas. Mesmo que a economia desacelere por causa dos juros altos, ainda vai ter demanda de trabalho em função dos projetos em andamento", assinalou Correia. "A percepção é que tem vagas em todos canteiros ou na maioria deles. Acredito que continuaremos muito forte no mercado de trabalho".

O problema, segundo a CBIC, está na falta de trabalhadores qualificados ou no alto custo para contratação. Numa sondagem com empresários, esta é a terceira maior preocupação da classe empresarial - atrás apenas do juro alto e da carga tributária. Nos últimos 12 meses até junho, o custo da mão de obra no país cresceu 9,98%, se consolidando como o principal fator da inflação na construção, medida pelo INCC, que evoluiu 7,21% no mesmo período.

O salário médio de admissão (valor pago no primeiro emprego na área) na construção foi de R$ 2.436,44, nível acima da média nacional, de R$ 2.248,71. Ou seja, o empresário da construção está pagando mais para atrair os trabalhadores na comparação com outros setores.

A CBIC também apontou que, do total de 149,2 empregos criados entre janeiro e maio, 50,5 mil (47,7%) foram ocupadas por jovens de 18 a 24 anos. Segundo a associação, isso ajuda a "desmistificar" a fala de que os jovens não querem trabalhar no ramo. "Parece que o setor está voltando a ser atrativo para os jovens. Seja pelo bom salário de entrada ou pela perspectiva de condições melhores em um futuro próximo", apontou Correia.

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