Efeito calendário deve reduzir as concessões de crédito no Brasil em novembro
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Por André Marinho, da Broadcast
redacao@viva.com.brSão Paulo, 22/12/2025 - As concessões de crédito no Brasil devem ter caído 6,2% em novembro ante outubro, conforme a Pesquisa Especial de Crédito divulgada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta segunda-feira, 22. O mês, porém, teve apenas 19 dias úteis. Ajustado por este fator, as concessões avançaram 13,5% no período.
O movimento reflete principalmente a expansão no volume de crédito livre (+14,8%), em meio ao maior uso do cartão de crédito à vista pelas famílias e de linhas de descontos de recebíveis pelas empresas, no contexto de festas de fim de ano.
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Na comparação com novembro do ano passado, as concessões devem ter subido 10% no mês, segundo o estudo. Mesmo assim, a expectativa é de contínua desaceleração no ritmo de expansão no acumulado em 12 meses, de 10,8% para 10,6%, o que reforça sinais de acomodação ao crédito.
O levantamento mensal é resultado de dados consolidados das principais instituições financeiras do Brasil e serve como prévia da Nota de Crédito do Banco Central, que será divulgada em 26 de dezembro.
Saldo da carteira
Já o saldo total da carteira de crédito deve mostrar expansão de 1,3% em novembro ante outubro. O resultado representa um avanço anual de 10%, um ritmo gradual de desaceleração, após alta de 10,2% em outubro, de acordo com a entidade.
Pela sondagem, a carteira destinada às famílias deve apresentar expansão de 1,3% no mês e de 11,3% no confronto anual. O movimento é disseminado, mas as linhas de maior risco (rotativas) seguem com maior vigor. A estimativa é de que o avanço anual nos recursos livres para a pessoa física tenha desacelerado ligeiramente de 12,8% em outubro para 12,7% em novembro. No comparativo mensal, o incremento seria de 1,5%.
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Já para a carteira PF direcionada (como habitação e agronegócio), a expectativa é de uma alta de 1,1% no mês e de 9,5% em 12 meses, diante do programa de renegociação do crédito rural, que vem enfrentando o impacto de uma inadimplência elevada. A Febraban também cita a resiliência do segmento habitacional, beneficiado pelo Minha Casa, Minha Vida.
Pessoa Jurídica
No segmento PJ, a pesquisa aponta crescimento mensal de 1,3% no crédito destinado às empresas, com elevação anual de 8,0%. Programas governamentais têm sustentado os recursos direcionados, que deve ter tido aumento de 1,6% na comparação mensal e de 17,6% na anual.
A carteira PJ com recursos livres deve ter avançado 1,0% em novembro ante outubro, com impulso de linhas relacionadas ao comércio (desconto de recebíveis). O número deve se traduzir em uma desaceleração na alta anual, de 3,2% para 2,6%, o que mantém o segmento como o de menor dinamismo, segundo a Febraban.
Para o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg, os dados indicam resiliência do crédito frente à Selic de 15%. "O resultado sugere que a carteira total de crédito deve fechar o ano acima das atuais projeções, com alta entre 9% e 10%, impulsionada pela carteira direcionada Pessoa Jurídica e Pessoa Física Livre", projeta.
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