Emprego aquecido no Brasil indica taxa Selic alta por mais tempo, dizem economistas

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A taxa Selic deve ficar em patamar alto para conter demanda aquecida pelo emprego - Adobe Stock
A taxa Selic deve ficar em patamar alto para conter demanda aquecida pelo emprego

Por Equipe Broadcast

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Publicado em 27/06/2025, às 12h07

Rio e São Paulo, 27/06/2025 - A taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,2% no trimestre encerrado em maio, resultado que ficou no piso das estimativas dos analistas, de 6,2% a 6,6%, com mediana de 6,3%. Economistas destacam que os dados mostram que a economia brasileira segue aquecida, e que deve fazer com que o Comitê de Política Monetária (Copom) siga por um período mais prolongado com a Selic em 15% ao ano.

Afinal, mais emprego significa mais renda para a população consumir, o que pode resultar em alta da inflação nos meses à frente.

Em igual período do ano anterior, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 7,1%. No trimestre encerrado em abril, a taxa de desocupação estava em 6,6%, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Esse resultado confirma nossa previsão de um mercado de trabalho brasileiro aquecido neste ano, que atualmente se encontra no menor nível dessazonalizado de toda a série histórica, incluindo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME)", destaca Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Segundo projeções de Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o mercado de trabalho seguirá forte ao longo de 2025, encerrando o ano em 5,5%, nível "bastante baixo" para os padrões históricos do País. Em relação à política monetária, o C6 Bank prevê taxa Selic estável em 15% ao ano por "bastante tempo, permanecendo em patamar elevado até o final de 2026".

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, diz que "o cenário de mercado de trabalho permanece apertado. No geral, as condições monetárias restritivas ainda não geraram um ponto de inflexão visível e consistente no mercado de trabalho", observa Ramos.

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, destaca que pelo oitavo mês consecutivo houve crescimento dos rendimentos reais médios no mês a mês. "Os rendimentos do trabalho voltaram a ganhar espaço nas discussões entre economistas de mercado, especialmente na esteira da comunicação recente do Copom", observa o economista, que afirma ainda não haver sinais claros de moderação do mercado de trabalho.

A resiliência do mercado de trabalho também foi destacado em relatório do Itaú Unibanco. "Os dados divulgados hoje indicam, mais uma vez, um mercado de trabalho resiliente", afirma.

André Valério, economista sênior do Inter, avalia que houve melhorias em todas as métricas da Pnad relativas ao mercado de trabalho em maio. "Entretanto, vemos alguns sinais que sugerem cautela à frente. Boa parte do avanço no emprego foi devido a setores acíclicos, como a administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais", pontua. Segundo Valério, as condições mais apertadas, com a Selic a 15%, têm desincentivado a contratação de novos trabalhadores.

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