Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Por Amanda Pupo, Fernanda Trisotto e Victor Ohana, do Broadcast
[email protected]Brasília, 23/04/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou nesta quarta-feira, 23, que a escala de concessões do novo crédito consignado deve mudar nessa semana, já que a partir do dia 25 entra em operação a plataforma de empréstimo dos próprios bancos, operação que hoje está restrita a ferramenta do governo federal.
"O consignado privado é um direito previsto em lei de 2004 mas que não decolou, e porque ele exigia convênio da empresa com o banco. O marketplace que construímos talvez seja uma das coisas mais incríveis do mundo. Eu acredito que a partir do dia 25 as coisas vão mudar. Vai mudar a qualidade do que está sendo concedido também", disse Haddad no evento CNN Talks.
Na avaliação de Haddad, o trabalhador ainda não teve contato com toda a informação necessária sobretudo porque a portabilidade entre créditos ainda não está equacionada, algo que também será feito ao longo dos próximos 30 dias.
"O trabalhador que tomou o CDC a 5%, 6%, 7% ao mês, ainda não está informado de que se ele for celetista ele pode escolher banco e migrar a operação para outra mais barata. A informação está chegando devagar, estamos no primeiro mês, já passou de R$ 8 bilhões. Só para ter uma ideia, levou 20 anos para chegar em R$ 40 bilhões", comentou Haddad, para quem é melhor que a informação chegue de maneira sólida e que os trabalhadores não tomem crédito de forma açodada.
Ele ainda defendeu a educação financeira e disse que, no caso do Pé-de-Meia, o governo está avaliando dar liberdade para o estudante de ensino médio aplicar os recursos. "Para ele saber fazer conta de juros composto, para ele entender em que mundo está vivendo e aproveitar oportunidades", disse Haddad, que classificou o consignado privado como um "sucesso".
"Nós temos compromisso de ajudar o sistema de crédito a reduzir spread e já são inúmeras as medidas tomadas nessa direção. Toda nossa preocupação é de baixar spread, e uma das formas é aumentar concorrência, aumentar garantias, e consignado privado é uma garantia", afirmou.
No mesmo evento, o ministro disse não ver risco de recessão no Brasil e avaliou que a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China vai se acomodar. Para Haddad, é difícil acreditar que as tarifas impostas mutuamente entre os dois países vão se manter.
"Minha expectativa, do ponto de vista pessoal, é que vamos ter novos capítulos desse confronto nas próximas semanas e possivelmente o quadro vai mudar, antes disso é difícil prever o que vai acontecer com o a economia mundial", disse.
Para o Brasil, Haddad mantém a projeção de crescimento da economia de em torno de 2,5% neste ano. Ele lembrou que o Brasil cresce atualmente, mesmo que menos que em relação aos últimos dois anos, o que acontece em parte para corrigir a rota inflacionária.
Sobre do projeto que mexe nas regras do Imposto de Renda, Haddad disse que ainda não teve a oportunidade de "sentar" com o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) para tratar de alternativas de compensação fiscal. O ministro afirmou que não faltará apoio técnico ao relator, que é ex-presidente da Câmara, sobre a proposta.
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