Escalada do conflito no Oriente Médio pode elevar inflação no Brasil

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Bombas extraem petróleo: preço do barril pode chegar a US$ 76, segundo analistas - Envato
Bombas extraem petróleo: preço do barril pode chegar a US$ 76, segundo analistas

Por Ana Paula Machado, do Broadcast

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Publicado em 15/06/2025, às 15h30
São Paulo, 15/06/2025 - A escalada do conflito entre Israel e Irã pode respingar na economia brasileira. O motivo é que a situação no Oriente Médio influencia o preço do petróleo e, por isso, a Petrobras teria  que realizar reajustes nos preços dos combustíveis, afetando diretamente a inflação do País. É o que projetam analistas ouvidos pelo Broadcast.
 Segundo o sócio da L4 Capital, Hugo Queiroz, a paridade de preços estava em torno de 10%, mas isso pode mudar com o petróleo chegando a US$ 80 o barril. Na sexta-feira, Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para julho fechou em alta de 7,26% (US$ 4,94), a US$ 72,98 o barril. O Brent para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 7,02% (US$ 4,87), para US$ 74,23 barril. No acumulado da semana, o WTI disparou 13% e o Brent, 12%.
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"A expectativa é de que nesta semana os preços do petróleo cheguem aos US$ 75 o barril, e se bater em US$ 80, a paridade deve alcança 25% e haverá repasse de preços. A Petrobras consegue segurar os reajustes até uns 15%. Já está indo para a paridade em que a empresa precisa se mexer", disse Queiroz. Segundo ele, caso ocorra o repasse da alta do preço do petróleo o risco de alta da inflação é iminente.
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Para Gustavo Bertotti, da Fami Capital, a Petrobras é muito dependente da importação de óleo para abastecer o mercado doméstico e, com a alta dos preços, deve haver repasse de custos ao consumidor final e a inflação pode voltar a ganhar força.
"Vejo com preocupação, pois, por mais que a Petrobras exporte petróleo, a empresa vai ter que repassar este preço ao que ela importa e ai é que está o problema", disse Bertotti. "Aumento de combustíveis é muito sensível hoje, porque representa custo do transporte mais alto e tudo o que envolve essa cadeia do petróleo, com essa escalada do conflito, tende a pressionar mais os preços."

Cautela

Rafael Passos, da Ajax Asset, é mais cauteloso e acredita que o conflito, se ficar entre Israel e Irã, não deve causar grandes impactos no preço do petróleo. "O problema é se essa briga entre os dois países escalar com a entrada dos Estados Unidos, Rússia, China, enfim, se esse conflito escalar. Aí, acredito que comece a haver aqui alguns problemas mais fortes, principalmente com o preço de petróleo e aí automaticamente aqui pegando o Brasil com a inflação", disse Passos.
Segundo ele, esse é o principal risco inflacionário que o Brasil tem com a continuidade da alta do petróleo. "Mas eu acredito que ainda é muito cedo para se tirar alguma conclusão", afirmou. "De modo geral, o que temos visto no Brasil é uma inflação de fato mais comportada, trazendo um cenário de desinflação, que se esperava no segundo semestre, já para o final do primeiro semestre. E níveis de petróleo nos patamares entre US$ 60 e US$ 75, que era mais ou menos o que o mercado tinha. Então acredito que de certa forma os preços dos ativos são bem contidos."

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