Exportadores de suco de laranja enviam ofício a Lula temendo tarifas

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A tarifa adicional imposta pelos EUA ao Brasil representa aumento de 533% sobre os US$ 415 por tonelada do valor que já era cobrado - Adobe Stock
A tarifa adicional imposta pelos EUA ao Brasil representa aumento de 533% sobre os US$ 415 por tonelada do valor que já era cobrado

Por Isadora Duarte, da Broadcast

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Publicado em 10/07/2025, às 12h11 - Atualizado às 12h26
Brasília, 10/07/2025 - Exportadores de suco de laranja encaminharam ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontando os impactos da nova tarifa norte-americana sobre o setor de suco de laranja brasileiro. "A recente imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo governo dos Estados Unidos, coloca em risco a continuidade do setor de suco de laranja brasileiro", dizem os exportadores na carta a Lula. O documento, obtido pela Broadcast, foi encaminhado ao governo pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
O ofício foi enviado também para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
No documento, os industriais e exportadores destacam que os Estados Unidos representaram 41,7% das exportações brasileiras de suco de laranja na safra 2024/25, encerrada em 30 de junho, com receita gerada de US$ 1,31 bilhão. De acordo com o cálculo do setor, a tarifa adicional imposta pelos Estados Unidos ao Brasil representa aumento de 533% sobre os US$ 415 por tonelada que já eram cobrados sobre o suco brasileiro.
"Considerando a cotação da Bolsa de Nova York de 9 de julho (US$ 3.600 por tonelada de suco concentrado), cerca de US$ 2.600 - ou 72% do valor total do produto - passariam a ser recolhidos em tributos, inviabilizando as exportações para aquele mercado. Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto", argumentam os exportadores de suco de laranja.
A CitrusBR afirma no ofício a Lula que as consequências para o setor nacional serão graves com a interrupção de colheitas, desorganização do fluxo das fábricas e paralisação do comércio diante das incertezas. "Trata-se de uma cadeia produtiva altamente interligada, que sustenta milhares de famílias. Entendemos a sensibilidade política e diplomática na origem dessa medida, mas que a escalada entre governos não é o caminho", alertaram os processadores e exportadores de suco de laranja ao governo e ao presidente.
No ofício a Lula, os exportadores afirmam ainda que é pouco provável que os demais mercados relevantes para o suco brasileiro, como Europa, Japão e China, absorvam os volumes destinados ao mercado norte-americano "sem criar desequilíbrios severos". "São insuficientes para absorver os excedentes que ficariam sem destino caso o mercado americano seja comprometido. As consequências sobre a produção nacional, os empregos e a competitividade do setor seriam imediatas", alertou o setor ao presidente.
Por fim, os exportadores reforçaram junto ao governo a necessidade de o Brasil exercer "plenamente sua tradição diplomática, mobilizando todos os recursos do Estado brasileiro para lidar na proteção dos interesses dos seus cidadãos, do emprego e da renda".
O setor processador e exportador de suco de laranja movimenta aproximadamente US$ 3 bilhões por ano em receitas de exportações, e gera cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos, destaca a associação no ofício ao governo.

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