Galã e grande nome da TV e do cinema, Francisco Cuoco morre aos 91 anos

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Ator Francisco Cuoco morre aos 91 anos - Acerco Globo
Ator Francisco Cuoco morre aos 91 anos
Por Estadão Conteúdo [email protected]

Publicado em 20/06/2025, às 09h45 - Atualizado às 10h17

São Paulo, 20/06/2025 - Com uma coleção de personagens icônicos ao longo de mais de 60 anos de carreira, Francisco Cuoco se tornou um dos mais aclamados atores do Brasil, colecionando trabalhos marcantes no teatro, na TV e no cinema. O ator morreu ontem, 19, aos 91 anos, em São Paulo. Ele estava internado havia cerca de 20 dias no Hospital Albert Einstein.

Segundo comunicado da TV Globo, ele morreu por falência múltipla dos órgãos. O velório será aberto ao público, nesta sexta, 20, das 7h às 15h, no Funeral Home, no bairro de Bela Vista, em São Paulo. O enterro será aberto ao público.

Cuoco enfrentava problemas de saúde, como infecção renal, além de ansiedade, depressão e excesso de peso, chegando a pesar cerca de 130 kg, o que dificultava sua locomoção nos últimos anos.

Nascido em 29 de novembro de 1933, em São Paulo, Cuoco iniciou sua trajetória artística no teatro, ainda na década de 1950, destacando-se por sua presença de palco e versatilidade. Filho do feirante italiano Leopoldo Cuoco, Francisco cresceu no bairro do Brás e, nos anos 1950, entrou para a Escola de Arte Dramática (EAD) depois de fazer muitos planos para estudar Direito.

Seu primeiro protagonista no teatro foi com o personagem Werneck de O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, em 1961, com direção de Fernando Torres. Mas antes ele havia participado, em 1958, ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto, da peça A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso, em um papel sem falas.

Sua transição para a televisão aconteceu no início dos anos 1960 quando a TV ainda dava seus primeiros passos no Brasil, tornando-se um dos pioneiros e mais influentes atores da sua geração.

A estreia em telenovelas foi em 1964, na TV Record, em Renúncia, escrita por Walter Negrão, que Cuoco estrelou ao lado da atriz Irina Grecco. Já seu primeiro par romântico foi formado com a atriz Regina Duarte no folhetim Legião dos Esquecidos, de 1968, na TV Excelsior. A dupla voltaria a ser um casal em Selva de Pedra (1972), já na Globo - onde seu primeiro papel foi na novela Assim na Terra Como no Céu, em 1970.

Galã indiscutível da televisão e astro soberano das novelas entre as décadas de 1960 e 1990, Cuoco ainda é celebrado por seu charme, carisma e voz grave. Suas atuações marcarem época em produções como Pecado Capital (1975), O Astro (1977) - na qual ele interpretava o inesquecível charlatão Herculano Quintanilha - e O Outro (1987).

Motorista de táxi

Em Pecado Capital, de 1975, ele deu vida a Carlão, um motorista de táxi nascido e criado no subúrbio carioca, que tinha pouco a ver com os personagens que Cuoco já havia feito.

"Lembrei-me dos tempos de menino, quando meu pai era feirante. Quando o motorista do caminhão atrasava, ou não aparecia, eu dirigia o caminhão, de madrugada. Eu tinha essa ligação com o volante, a direção. Isso me deu um ligeiro suporte. Um personagem é uma luta diária. Deixava a emoção fluir por meio do texto da Janete (Clair)", disse Cuoco ao Estadão, em 2022.

Ao longo de sua carreira na televisão, Francisco Cuoco participou de inúmeras novelas, séries e especiais, tornando-se um rosto familiar e querido pelo público brasileiro.

Entre seus trabalhos mais notáveis estão suas atuações em produções como O Rei do Gado (1996) - em que interpretava Otávio Mezenga, um homem do campo - e Sassaricando (1987), na qual vivia o personagem Otto Bismark, apelidado de Barba Azul por ser suspeito de matar várias mulheres. Já no século 21 ele se destacou em novelas como Da Cor do Pecado, América e Cobras & Lagartos.

No cinema

Além de sua contribuição para a televisão, Francisco Cuoco também deixou sua marca no cinema brasileiro, em filmes como Cafundó, Gêmeas e Traição. Sua lista de atuações também inclui comédias com Renato Aragão em Um Anjo Trapalhão e Didi: O Caçador de Tesouros.

Apesar de ter começando a carreira nos palcos, o trabalho na TV o deixou longe do gênero por longos anos - ele acabou voltando ao teatro em Três Homens Baixos, de 2005, em que dividia a cena com Gracindo Jr. e Chico Tenreiro. Na sequência, atuou em peças como Circuncisão em Nova York (2008), Deus É Química (2009) e Uma Vida no Teatro (2013).

Longe das telinhas nos últimos anos de vida, sua última participação em novelas foi em Salve-se Quem Puder, de 2020. Ele ainda fez uma última aparição na TV na série No Corre, do Multishow, em 2023.

Por seus trabalhos, Cuoco recebeu diversos prêmios, entre os quais o APCA, Arte Qualidade Brasil, Troféu Imprensa e o Troféu Mário Lago.

Na vida pessoal, Cuoco primeiramente foi casado com a atriz Carminha Brandão, nos anos 1960. Depois, casou-se e teve três filhos com Gina Rodrigues, de quem acabou se separando em 1984. Em 2013, assumiu nova relação com Thaís Almeida, 54 anos mais jovem do que ele. O romance chegou ao fim em 2017.

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