Iata reduz projeções para aviação com incertezas globais

Adobe Stock

Setor global de aviação espera melhora em 2025 sobre o ano anterior, diz IATA - Adobe Stock
Setor global de aviação espera melhora em 2025 sobre o ano anterior, diz IATA

Por Por Elisa Calmon, do Broadcast

[email protected]
Publicado em 02/06/2025, às 11h20 - Atualizado às 11h27

São Paulo, 02/06/2025 - A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) reduziu as projeções para os maiores indicadores financeiros do setor em 2025. Apesar de destacar as incertezas globais no início do ano, a entidade ainda prevê um desempenho melhor para a aviação na comparação com 2024.

A Iata estima um lucro líquido de US$ 36 bilhões para a aviação em 2025. A cifra representa uma alta anual de 11%, mas é menor do que os US$ 36,6 bilhões previstos inicialmente pela associação em dezembro de 2024.

As projeções para as receitas totais também foram reduzidas. A cifra esperada agora é de US$ 979 bilhões ante US$ 1 trilhão anteriormente. Ainda assim, se confirmada, será recorde para o setor, representando crescimento de 1,3% em relação ao ano anterior.

O maior impulso positivo para os resultados deste ano deve ser o preço do combustível, que caiu 13% em relação a 2024 e está 1% abaixo das estimativas anteriores, segundo o diretor-geral da Iata, Willie Walsh. "Além disso, prevemos que as companhias aéreas transportarão mais pessoas e mais carga em 2025 do que em 2024, mesmo que as projeções anteriores de demanda tenham sido prejudicadas por tensões comerciais e quedas na confiança do consumidor", comenta.

Diante desse cenário, a estimativa para a margem de lucro líquido foi atualizada de 3,6% para 3,7%. Em 2024, o indicador ficou em 3,4%. Walsh destaca que o patamar ainda representa cerca de metade da lucratividade média em todos os setores. "Mas, considerando os ventos contrários, é um resultado forte que demonstra a resiliência que as companhias aéreas trabalharam arduamente para fortalecer", pondera o executivo.

A projeção para o retorno sobre o capital investido, por sua vez, se manteve praticamente inalterada em 6,7%, com leve melhora ante a taxa de 6,6% reportada no ano anterior.

Fim de acordos pode agravar problemas de produção

O fim de acordos multilaterais que isentam aeronaves de tarifas pode agravar ainda mais as restrições na cadeia de suprimentos e as limitações de produção, avalia a Iata. A entidade destaca que a carteira de pedidos de aeronaves ultrapassa 17 mil, um aumento acentuado ante a média de 10 mil a 11 mil pré-pandemia, com um tempo de espera implícito de 14 anos.

O diretor-geral da Iata, Willie Walsh, afirmou que os fabricantes continuam decepcionados diante dos atrasos e gargalos na cadeia produtiva. "Todas as companhias estão frustradas com a persistência desses problemas por tanto tempo. Os indícios de que pode levar até o final da década para corrigi-los são inaceitáveis", disse o executivo.

A associação estima a entrega de 1.692 aeronaves em 2025. Embora o número marque o nível mais alto desde 2018, é quase 26% menor do que as estimativas do ano anterior. "Novas revisões para baixo são prováveis, visto que os problemas na cadeia de suprimentos devem persistir em 2025 e possivelmente até o final da década", reforça a Iata.

Ainda de acordo com a Iata, problemas nos motores e a escassez de peças de reposição agravam a situação e causaram um número recorde de paradas de certos tipos de aeronaves. O número de aeronaves com menos de 10 anos em estoque é atualmente superior a 1.100, representando 3,8% da frota total, em comparação com 1,3% entre 2015 e 2018. Quase 70% dessas aeronaves paradas estão equipadas com motores PW1000G.

Tensões tarifárias e conflitos entre países

Com as incertezas geopolíticas e econômicas, os maiores riscos para a aviação incluem tensões tarifárias e conflitos entre países, segundo a Iata. O enfraquecimento das instituições multilaterais e preço do petróleo também são pontos sensíveis citados pela entidade.

Sobre as tensões comerciais, a Iata afirma que tarifas e guerras comerciais prolongadas reduzem a demanda por carga aérea e, potencialmente, por viagens. A associação complementa dizendo que a incerteza sobre a evolução das políticas comerciais do governo Trump pode prejudicar decisões comerciais cruciais que impulsionam a atividade econômica e, com ela, a demanda por carga aérea e viagens corporativas.

Enquanto isso, a resolução de conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia beneficiaria as companhias aéreas, reconectando economias desvinculadas e reabrindo o espaço aéreo. Por outro lado, qualquer expansão da atividade militar poderia ter um efeito de contenção.

Os preços do petróleo também são monitorados de perto pelo setor, já que são um fator determinante para a lucratividade das companhias aéreas. A complexa gama de fatores que impactam os preços do petróleo (incluindo projeções de crescimento econômico, volume de extração, políticas de descarbonização, sanções, disponibilidade de capacidade de refino e bloqueios no transporte) pode produzir mudanças rápidas na volatilidade dos preços, com impacto significativo nas perspectivas financeiras das companhias aéreas, avalia a associação.

Despesas aéreas devem subir

As despesas do setor aéreo global devem atingir US$ 913 bilhões em 2025, estima a Iata. A cifra representa uma alta de 1%, com o alívio vindo dos menores preços do combustível.

A projeção da Iata é que que o combustível de aviação atinja uma média de US$ 86/barril em 2025, bem abaixo da média de US$ 99 em 2024. Isso resultaria em um custo total com combustível de US$ 236 bilhões, 25,8% de todos os custos operacionais. Se confirmada, a cifra seria US$ 25 bilhões menor que os US$ 261 bilhões registrados em 2024.

Palavras-chave Iata aviação aéreo petróleo

Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.

Últimas Notícias