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Por Gabriel Hirabahasi e Giordanna Neves, enviada especial da Broadcast
[email protected]Brasília e Buenos Aires, 03/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em seu discurso na Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, nesta quinta-feira, 3, que as medidas de enfrentamento às mudanças climáticas e a promoção da transição energética serão um dos pilares de sua presidência temporária do Mercosul. O presidente colocou como um dos três tópicos de prioridades a questão climática. Disse que a América do Sul “tem tudo para ser o coração desse processo”.
“A América do Sul tem tudo para ser o coração desse processo. Já temos matrizes energéticas mais limpas que outras regiões. Contamos com algumas das maiores reservas de minerais críticos do mundo”, declarou.
Segundo Lula, as consequências do aquecimento global já são sentidas no Cone Sul. “A região sofre com estiagens e enchentes que causam perdas humanas, destruição de infraestrutura e quebras de safra. A realidade está se movendo mais rápido que o Acordo de Paris, expondo a falácia do negacionismo climático”, disse.
O presidente afirmou que o Brasil reduzirá suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035 em todos os setores econômicos.
Lula voltou a falar sobre a COP30 e disse que o Brasil e a América do Sul têm a chance de mostrar ao mundo evoluções no combate ao desmatamento e à preservação do meio ambiente. Afirmou ainda que pretende estimular o programa Mercosul Verde para fortalecer a “agricultura sustentável”.
“Nossa cooperação promoverá padrões comuns de sustentabilidade, mecanismos de rastreabilidade e inovações tecnológicas. Precisamos de ímpeto renovado para recuperar nossa capacidade industrial com responsabilidade ambiental. Vamos propor a formulação de uma taxonomia sustentável no Mercosul, para atrair investimentos em prol de uma transição justa.”, disse.
O Brasil assume, a partir de agora, a presidência temporária do bloco pelos próximos seis meses. Em seu discurso, Lula também disse que pretende investir para que o Mercosul se torne “um polo de tecnologias da saúde, capaz de atender às necessidades de nossa população”. Segundo ele, trazer centros de dados para a América do Sul “é uma questão de soberania digital” e defendeu o investimento em pesquisas e desenvolvimento tecnológico na região.
Em seu discurso na Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, o presidente colocou como um dos tópicos de prioridades o desenvolvimento tecnológico. Afirmou que o Brasil e o Chile firmaram uma parceria para criar modelos de inteligência artificial “que reflitam as realidades culturais e linguísticas da América Latina” e argumentou que iniciativas como essa podem ser expandidas para outros países do continente.
“Esse esforço deve ser acompanhado do desenvolvimento local de capacidades computacionais, do respeito à proteção de dados e de investimentos para suprir demandas adicionais de energia”, afirmou.
Segundo o presidente, “novas tecnologias estão concentradas nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países”.
Em outro trecho de sua fala, defendeu que os países do Mercosul usem um “sistema de pagamento em moedas locais revigorado e moderno, que facilite transações digitais” entre si.
Ele também disse que o programa brasileiro Rotas da Integração Sul-Americana “visa a encurtar distâncias e diminuir custos”. “A conclusão da Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, reduzirá em até duas semanas o tempo de viagem até a Ásia. Fazem parte da Rota dois projetos brasileiros recentemente aprovados pelo Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), que vão melhorar o saneamento e a conectividade viária das populações fronteiriças de Corumbá e Ponta Porã”, disse.
Segundo Lula, o Brasil vai trabalhar, ao longo deste semestre, na estruturação da segunda etapa do Focem. “Precisaremos do apoio continuado do Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata), que vem se consolidando como o banco da integração do Cone Sul”, afirmou.
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