Nova York e Brasília, 24/09/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, em Nova York, uma reflexão sobre a esquerda mundial e sua forma de governar, em evento em defesa da democracia. O presidente foi aos Estasdos Unidos para participar da 31ª Assembleia Geral da
ONU. Disse que políticos progressistas ganham a eleição com "discursos de esquerda", mas, quando governam, atendem mais os interesses do que chamou de "inimigos" do que dos "amigos".
"Muitas vezes ganhamos eleições com discursos de esquerda, e quando começamos a governar a gente atende muito mais os interesses dos nossos inimigos do que dos nossos amigos. Muitas vezes governamos dando resposta ao que a imprensa publica sobre nós. A cobrança do mercado, a necessidade de contentar o mercado, de contentar os adversários", afirmou Lula, durante a segunda reunião em defesa da democracia, nesta quarta-feira.
O presidente brasileiro, chamado de "maestro" pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, antes de sua fala, afirmou que "muitas vezes nossos eleitores, que foram para as ruas, apanharam, foram achincalhados, são considerados por nós sectários e radicais".
Lula fez uma fala inicial relembrando seu histórico na política e a fundação do Partido dos Trabalhadores. Disse que o partido na época de sua criação tinha uma mobilização nas bases sociais. O petista questionou por qual razão essa mobilização se perdeu ao longo do tempo.
"Temos de acordar todos os dias e perguntar o que a gente vai fazer pela democracia", disse, reforçando que os líderes precisam pensar diariamente nas soluções para fortalecer o regime democrático. "O que fazemos hoje? O que fizemos ontem? Com quantas pessoas falamos de democracia, de mobilização popular. A verdade é que não falamos, e não nos organizamos. E isso significa que a democracia perdeu", argumentou.
Lula disse que é preciso "botar a mão na consciência sobre o que fazemos para fortalecer a democracia", porque quando "não falamos sobre democracia, é a democracia que perde".
"O que me inquieta hoje é: onde é que os democratas erraram? Qual o momento em que a esquerda errou? Por que permitimos que a extrema-direita crescesse com a força que está crescendo? É virtude deles ou incompetência nossa? Vamos responder a nós mesmos o que deixamos de fazer para fortalecer a democracia", completou.
Segundo o presidente, "somente a democracia será capaz de reconstruir a harmonia entre humanos e Estados". "Se a gente encontrar a resposta, a gente volta a vencer a direita. Se a gente não encontrar, vamos continuar sendo sufocados pelo negacionismo, pelo extremismo e pelo discurso fascista que estamos vendo agora", afirmou.
Os Estados Unidos não foram convidados para a reunião desta quarta-feira, diferentemente do que aconteceu em 2024, quando foram. Participam da segunda reunião em defesa da democracia os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; do Chile, Gabriel Boric; e do Uruguai, Yamandú Orsi; além do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. O encontro acontece em paralelo na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos.