Ricardo Stuckert/PR
Por Giordanna Neves, Lavínia Kaucz e Gabriel de Sousa, da Broadcast
redacao@viva.com.brBrasília, 05/08/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a preocupação dos Estados Unidos em relação ao Pix se deve ao seu potencial transformador. Segundo ele, caso o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos se espalhe pelo mundo, os cartões de crédito tendem a desaparecer.
“Sabe qual a preocupação deles? Se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer. E é isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil. Por isso nós não podemos ser penalizados por desenvolver um sistema gratuito e eficiente”, emendou.
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Lula disse que o PIX é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital. “E aqui eu gostaria que o presidente Trump fizesse experiência com PIX nos Estados Unidos”, emendou durante abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty.
O presidente afirmou que não há justificativas para medidas unilaterais por parte dos Estados Unidos contra o Brasil. Ele enfatizou que as alegações sobre o PIX, a regulamentação das redes sociais e o desmatamento são descabidas.
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Também presente ao evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que está “fora de cogitação” ceder à pressão de multinacionais sobre o Pix. Segundo ele, o Pix está “chamando atenção” de vários países no mundo e tem uma maturidade que “incomoda”, mas destacou que é “uma tecnologia soberana brasileira”. “E nós não podemos nem sonhar, nem pensar, nem imaginar em privatizar algo que não tem custo para o cidadão. Não tem custo”, reforçou.
Haddad também disse que o Brasil tem condições de atrair investimentos para minerais críticos e que o País vai produzir baterias eficientes e painéis solares. “Nós temos que buscar parcerias concretas com benefícios múltiplos e são várias as oportunidades de cooperação que estão na mesa”, disse o ministro em relação aos EUA.
“Nós queremos mais parceria e não vamos cair na magia de imaginar que um governo que, com desinformação, já tomou medidas agressivas em relação ao Brasil, essa não é a história da parceria do Brasil com os Estados Unidos”, afirmou.
Ainda sobre a postura dos EUA, Lula afirmou que o dia 30 de julho de 2025, data em que os EUA oficializaram o tarifaço e a aplicação de sanções ao ministro Alexandre de Moraes, "entrará para a história como marco lastimável na relação Brasil-EUA". Para Lula, o "multilateralismo passa por momento crítico".
"Vários setores da economia são afetados pela covardia dos que se associaram a interesses alheios a nossa nação", ressaltou Lula, destacando que a "interferência nos Poderes brasileiros contou com auxílio de verdadeiros traidores da Pátria".
"Proteger nossa soberania é interesse que está acima de todos os partidos. O governo não transigirá e não vacilará em defender a soberania brasileiro", reforçou.
"Não é possível o mundo dar certo se a gente perder o mínimo senso de responsabilidade no respeito à soberania dos países", afirmou o presidente. E reiterou que o Brasil merece respeito. "O presidente norte-americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil".
Segundo Lula, Trump poderia ter ligado a ele ou ao vice-presidente Geraldo Alckmin, já que haveria disposição para diálogo. Ele acrescentou ainda que a medida não se trata de uma questão política, mas sim eleitoral. O presidente voltou a afirmar que o Brasil não pode depender de um único país e reiterou que está cansado de ser tratado como pertencente ao Terceiro Mundo.
Lula disse que vai ligar para o presidente dos EUA, Donald Trump, para convidá-lo para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) que será realizada em novembro deste ano em Belém. "Não vou ligar para o Trump para conversar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP. Porque eu quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar".
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Lula ainda brincou que, apesar de a Amazônia ser conhecida como o "pulmão do mundo", a dívida externa brasileira "é a nossa pneumonia".
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