Ricardo Stuckert/PR
Por Victor Ohana, do Broadcast
[email protected]Brasília, 01/05/2025 - Em pronunciamento oficial em rede nacional, às 20h30 da quarta-feira, 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter tomado providências em relação às fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), reveladas em operação da Polícia Federal deflagrada em 23 de abril.
A peça de cerca de cinco minutos foi exibida por ocasião do Dia do Trabalho, em 1º de maio. No vídeo, Lula destacou que o esquema teve início antes do início de seu mandato e reivindicou ao seu governo a responsabilidade pela descoberta dos crimes.
"Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019", afirmou.
Lula acrescentou: "Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas".
As declarações do presidente ocorrem em meio a uma pressão da oposição do Congresso Nacional sobre o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em relação ao escândalo. Na terça-feira, 29, Lupi passou o dia na Câmara dos Deputados para se explicar à Comissão de Previdência e ouviu de opositores que deveria deixar o cargo.
Ao Broadcast Político, o ministro negou omissão e disse que procurou agir ao saber das denúncias de fraude. No entanto, uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou, em 26 de abril, que Lupi demorou quase um ano para tomar providências, ao ser cobrado em reunião de junho de 2023 sobre a situação das fraudes.
A jornalistas, Lupi disse que está "totalmente" descartada a possibilidade de se afastar do ministério e afirmou que a decisão de sua saída depende de Lula. Nos bastidores, membros do PDT, partido do ministro, dizem que a bancada deve desembarcar do governo caso o governo opte pela demissão.
No pronunciamento, o presidente Lula anunciou que vai "aprofundar o debate" sobre a redução da jornada de trabalho. Ele defendeu a redução da escala de seis dias de trabalho semanais e tocou no assunto como um anúncio.
"Nós vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no País, em que o trabalhador e a trabalhadora passam seis dias no serviço e têm apenas um dia de descanso. A chamada jornada 6 por 1", declarou.
A proposta está em tramitação no Congresso Nacional por meio de diferentes projetos. O último foi protocolado pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), na forma de proposta de emenda à Constituição (PEC).
Lula continuou: "Está na hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras".
Na ocasião, o presidente da República também mencionou o envio do projeto ao Congresso Nacional para a ampliação da isenção do Imposto de Renda.
"Enviamos ao Congresso Nacional o Projeto de Lei que zera o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. E quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil também será beneficiado pagando menos do que paga hoje. Agora é assim: quem ganha menos, não paga. E quem ganha muito paga o valor justo", afirmou.
O petista também enalteceu o Crédito do Trabalhador. "Estamos facilitando o acesso ao crédito consignado para quem tem carteira assinada e os trabalhadores rurais e as trabalhadoras domésticas", disse o chefe do Executivo.
No início do pronunciamento, Lula afirmou que o dia 1º de maio é de "celebrar" as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros e mencionou dados favoráveis ao governo federal.
"Em apenas dois anos e quatro meses de governo, já geramos 3 milhões e 800 mil postos de trabalho com carteira assinada. Saímos do maior para o menor desemprego da história. E atingimos o recorde histórico de pessoas empregadas", afirmou.
Lula prosseguiu: "O salário mínimo voltou a subir acima da inflação, e 90% das categorias profissionais tiveram ganhos reais de salário. Tudo isso só foi possível porque, depois de uma década, a economia do Brasil voltou a crescer acima de 3% por dois anos consecutivos, superando todas as expectativas".
O presidente também enalteceu investimentos em educação em tempo integral e em instituições de ensino e afirmou que "estamos construindo um Brasil mais justo, onde o humanismo e o desenvolvimento caminhem juntos".
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