Má vontade em negociar sobre tarifaço partiu dos EUA, não do Brasil, diz Haddad

Lula Marques/Agência Brasil

Haddad resolveu divulgar que houve o convite para "dissipar" qualquer dúvida sobre a disposição do Brasil em negociar com os EUA - Lula Marques/Agência Brasil
Haddad resolveu divulgar que houve o convite para "dissipar" qualquer dúvida sobre a disposição do Brasil em negociar com os EUA

Por Daniel Tozzi Mendes e Francisco Carlos de Assis, da Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 18/08/2025, às 11h14
São Paulo, 18/08/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta segunda-feira que houve "má vontade" por parte dos Estados Unidos em relação às negociações sobre o tarifaço imposto ao Brasil.
Haddad explicou que recebeu um convite do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o convocando para uma reunião sobre essa negociação. O ministro disse que resolveu divulgar que houve esse convite para "dissipar" qualquer dúvida sobre o Brasil estar disposto a negociar com os EUA.
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"Eu sabia que, ao divulgar essa notícia, nós corríamos o risco de fazer com que a extrema direita se mobilizasse nos EUA para reverter a situação. Mas ficaria demonstrado que a responsabilidade de a reunião não ocorrer, não seria do Brasil", detalhou o ministro, durante participação no seminário Brazil 2030: Fostering Growth, resilience and productivity, organizado pelo Financial Times e a CNBC, em São Paulo.
Com isso, Haddad frisou que, agora, o Brasil possui documentos oficiais que deixam claro que o País estava disposto a negociar.
O ministro também destacou que, com o tarifaço, os EUA quiseram impor ao Brasil uma situação inegociável e inconstitucional, que seria o Executivo brasileiro interferir em questões do Judiciário, em referência ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Comércio entre os dois países tende a cair ainda mais

Segundo Haddad, o comércio entre Brasil e Estados Unidos tende a cair ainda mais daqui para a frente. Haddad destacou que a corrente de comércio entre os dois países representa hoje menos da metade do que foi nos anos 1980 e deve cair ainda mais, após a imposição de novas tarifas dos EUA a produtos brasileiros. "Pelo andar dos acontecimentos, eu acredito que o comércio bilateral, infelizmente, vai cair ainda mais", disse ele.
Haddad também reforçou que o Brasil "fez sua parte" na mesa de negociações para reverter o quadro do tarifaço e que, para saber o que virá à frente é preciso "perguntar do lado de lá", em referência ao governo americano.
O ministro também reforçou que o cancelamento da reunião entre ele e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, partiu do governo americano. Questionado sobre se o gesto de Bessent poderia ser interpretado como uma "provocação", Haddad respondeu que não pode cometer "deslizes" e que a situação atual já é "tensa".
"Eu não posso cometer determinados deslizes porque já é uma situação tensa. Qual a dificuldade de tirar uma conclusão óbvia no caso desse, está tudo documentado?", questionou o ministro, em referência à comunicação formal de Bessent primeiro convocando e depois cancelando o encontro.
Haddad também pontuou que cada país tem sua maneira de proceder mas que "nunca faria isso". "Por mais hostil que o outro país fosse, se eu marquei um compromisso, eu cumpro", reforçou ele.
Palavras-chave EUA Haddad comércio tarifaço

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