Morre o fundador da revista Carta Capital, Mino Carta

Estadão Conteúdo/Maurilo Clareto

Há duas semanas, estava internato na UTI do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, segundo a publicação - Estadão Conteúdo/Maurilo Clareto
Há duas semanas, estava internato na UTI do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, segundo a publicação

Por Redação Viva

redacao@viva.com.br
Publicado em 02/09/2025, às 12h15 - Atualizado às 12h24

São Paulo, 02/09/2025 - Morreu nesta terça-feira, o fundador e diretor de redação da CartaCapital, Mino Carta, aos 91 anos. O jornalista lutava, há um ano, contra os problemas de saúde, com idas e vindas do hospital. Há duas semanas, estava internato na UTI do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, segundo a publicação. A morte do jornalista foi confirmada no site da revista CartaCapital.

De acordo com o site, a trajetória de Mino Carta se confunde com a história do jornalismo contemporâneo do Brasil. Aos 27 anos, aceitou o convite de Victor Civita para dirigir uma nova revista da então nascente editora Abril, Quatro Rodas, mesmo sem saber dirigir e nem diferenciar um Volkswagen de uma Mercedes, como se orgulhava em dizer. Descobriria ali o talento para criar e comandar algumas das publicações mais icônicas e influentes. Lançou as revistas Veja, em 1968, IstoÉ, em 1976 e CartaCapital, em 1994. Esteve à frente da equipe fundadora do Jornal da Tarde, em 1966, reconhecido pela modernidade na paginação e pela qualidade literária das reportagens que inspiraram gerações de jornalistas.

Mesmo seu maior fracasso, o breve Jornal da República, de 1979, em parceria com o amigo e mentor Claudio Abramo e inspirado pelos ventos da abertura política, é um marco do jornalismo. Durante toda a vida, a máquina Olivetti foi a sua maior companheira. Mino abominava as novas tecnologias e vaticinava: “Um dia, os computadores vão engolir as pessoas”.

Ainda segundo o site, em recente entrevista a Lira Neto, lamentou os efeitos da revolução tecnológica sobre o exercício da profissão: “Em lugar de praticar um jornalismo realmente ativo, na busca corajosa pela verdade, a imprensa está sendo engolida e escravizada pelas novas mídias”. Também estava desencantado em relação ao futuro do Brasil, graças à “permanência de um pensamento medieval representado pela Casa-Grande”.

De maneira franca, admitiu ter perdido as esperanças. “Não há motivo para alimentá-la. De resto, meus mestres da filosofia, como [Baruch] Spinoza, recomendam: ‘Nem fé, nem medo’. É uma boa máxima. Fé em coisa nenhuma. Medo de nada.”

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