"O Estado falhou e permitiu fraude no INSS", diz ministro da Previdência

Paula Bulka Durães

Segundo o ministro, o INSS não fazia a conferência dos descontos de associações nas contas dos aposentados - Paula Bulka Durães
Segundo o ministro, o INSS não fazia a conferência dos descontos de associações nas contas dos aposentados

Por Paula Bulka Durães

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Publicado em 11/07/2025, às 10h48 - Atualizado às 14h29
São Paulo, 11/07/2025 - O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, disse nesta sexta-feira que o Estado brasileiro falhou em impedir o esquema de fraudes nos descontos associativos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
"O Estado brasileiro falhou. Depois da operação sem desconto, se tem noção do absurdo que foram os descontos", disse o ministro em sabatina no 20º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). 
Queiroz afirmou que o instituto falhou em contestar dados de associações sobre aposentados que aderiram aos descontos. "Nunca se fez o batimento da lista de aposentados que autorizavam os descontos associativos. O INSS nunca conferiu e tomava como verdade os dados das associações".
O INSS deixou de repassar informações sobre a fraude para o ministério da Previdência, de acordo com o ministro. "Alertas dados ao INSS sobre uma potencial fraude não chegaram no ministério, não tinha como a gente saber que essas coisas estavam acontecendo".

Fim dos descontos?

Segundo o ministro, todo valor descontado será devolvido aos beneficiários do INSS ainda no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O governo Lula vai devolver todo o valor descontado aos aposentados", diz.

Queiroz revelou que o fim dos descontos associativos na folha de benefícios do INSS ainda não está definido."Há ministros dentro do governo que defendem o fim do desconto em folha e ministros que querem a continuidade dos descontos, com mais segurança e ferramentas como a biometria facial".

De acordo com Queiroz, os funcionários do INSS responsáveis por alertar sobre o esquema não comunicaram o ministério. "Pessoas que estavam em pontos-chave do INSS, que tinham o dever de comunicar o ministro (anterior) Carlos Lupi, não repassaram essas informações. Existia crime e conivência dentro do instituto".

O ministro relevou que existe uma força-tarefa da Previdência que atua semanalmente em operações deflagradas, mas que não conseguiu identificar as fraudes. "A força-tarefa previdenciária foi criada 27 anos atrás, um trabalho excepcional com operações deflagradas semanalmente, mas sem divulgação".

Queiroz defendeu que uma fraude, nas mesmas proporções, não voltará a se repetir. "Eu quero ser o ministro que foi o 'cara' da proteção social, que deixou um legado de integridade do ministério e que garantiu que as coisas não voltarão a acontecer como no passado", afirmou.

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