É possível identificar medicamentos falsos? Especialistas comentam

São Paulo, 05/12/2025 – Em um cenário onde um em cada dez medicamentos vendidos em países de baixa e média renda é falsificado, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), saber se é possível identificar um produto falso tornou-se uma preocupação e uma necessidade.

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De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, em 2025, medicamentos como botox, usado para amenizar linhas de expressão, e o Mounjaro, utilizado no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade - conhecido como caneta emagrecedora - lideram a lista dos medicamentos mais falsificados no Brasil.

É possível identificar remédio falso?

O CEO da SecureTrace, empresa especializada em rastreabilidade e autenticação, Mario Nicoli Neto, destaca que, com o avanço das fraudes e da inteligência artificial, ficará mais difícil para o consumidor identificar medicamentos falsificados. Isso porque tecnologias antes utilizadas para autenticar tornaram-se ultrapassadas e ainda dependem de uma comparação.

“Pense em uma embalagem de medicamento falsificado e uma embalagem do medicamento verdadeiro. Você pode até notar uma diferença entre aquelas embalagens, certo? Mas qual é a verdadeira, considerando que você não tem nenhum elemento de comparação e a fraude é cada vez mais fidedigna?”, argumenta.

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Segundo Neto, os fabricantes ainda não possuem a capacidade total de identificar unicamente cada produto e diferenciá-los de cópias muito bem-sucedidas que são comercializadas. Hoje no Brasil, há mais de 94,7 mil farmácias convencionais e 8 mil de manipulação, segundo dados da IQVIA e Close-Up International, institutos de auditoria do mercado, o que torna a padronização e distribuição muito mais complexas.

Como identificar medicamento falso

Com o objetivo de enfrentar esse problema, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em parceria com a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), lançou em maio a Cartilha de Conscientização aos Consumidores sobre falsificação de medicamentos.

Mesmo com o avanço das tecnologias de falsificação, o documento explica que o primeiro elemento que apresentará algum tipo de falha será a embalagem. Os erros de ortografia são os sinais de alerta iniciais. 

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A cartilha também alerta para embalagens diferentes das que o consumidor está acostumado ou em outro idioma. Isso porque todos os medicamentos autorizados no Brasil têm a embalagem em português.

Preços muito baixos também são um sinal de alerta, já que medicamentos têm custos controlados por órgãos reguladores.

O gerente comercial da Soma Solution, empresa que atua em automação, codificação e inspeção industrial, Ramon Grasselli, explica que, geralmente, as embalagens falsas também apresentam lacres e selos com holograma danificados ou ausentes.

Segundo ele, os medicamentos são um alvo preferencial de quem pratica a falsificação por conta do seu valor agregado. Por isso, é importante ficar atento a possíveis falhas para não comprar produtos fraudados que não proporcionam alívio à dor, mas “reforçam um esquema criminoso”.

Outros alertas

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientam que medicamentos devem ser comprados diretamente em farmácias regulares e abertas ao público, ou pelo site oficial dessas farmácias. Esses produtos não podem ser vendidos aleatoriamente pelas redes sociais ou em sites sem CNPJ, marketplaces ou sites de produtos naturais e esportivos.

Como verificar registro do medicamento

É possível conferir o registro do medicamento no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para verificar, os números de lote e validade na embalagem externa devem coincidir com os da embalagem interna (clique aqui para acessar).

Outra forma de verificação pode ser feita conferindo as informações da embalagem. Muitos medicamentos originais têm hologramas 3D ou códigos QR que direcionam para sites de autenticação.

O que fazer se encontrar medicamento falso?

Se houver confirmação da falsificação ou suspeita, você pode tomar as seguintes ações:

• Ligar para o SAC do fabricante do produto original;
• Abrir uma reclamação no Procon da sua cidade;
• Procurar a Polícia Civil da sua cidade.