São Paulo, 28/08/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre as três grandes operações deflagradas nesta manhã, em 10 Estados, pela
Polícia Federal, envolvendo distribuidoras de combustíveis.
Segundo o ministro, o combate a essas organizações exige uma resposta igualmente organizada e coordenada entre diferentes agentes públicos. "Porque são muitas camadas que precisam ser abertas para se chegar no patrimônio do crime organizado, sem o que fica muito difícil você vencer o crime, porque se você prende uma pessoa, mas o dinheiro fica à disposição do crime, essa pessoa presa vai ser substituída por outra", comentou.
Haddad citou que o esquema criminoso possui muitas camadas, envolvendo, por exemplo, fundos fechados, o que demanda a atuação de auditores fiscais com inteligência e precisão para identificar o destino final dos recursos.
"Se não fosse por isso, nós não teríamos conseguido chegar a mais de mil postos de gasolina, quatro refinarias, mais de mil caminhões que estavam à disposição do crime organizado para transportar o combustível, geralmente adulterado", disse.
As três operações deflagradas hoje resultaram em 141 veículos apreendidos, 1.500 veículos sequestrados, mais de R$ 300 mil em dinheiro apreendidos, 41 pessoas físicas, 205 pessoas jurídicas, bloqueio de mais de R$ 1 bilhão e bloqueio total de mais 21 fundos de investimento, além de sequestros de 192 imóveis e 2 embarcações.
A Operação Carbono Oculto envolve ao todo 1.400 agentes cumprem 200 mandados de busca e apreensão mirando 350 alvos em dez Estados.
A operação, que conta com equipes da Polícia Militar, promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), agentes e fiscais das Receitas Estadual e Federal, é a maior feita até hoje para combater a infiltração do crime organizado na economia formal do País. A ação mira envolvidos no domínio de toda a cadeia produtiva da área de combustíveis, parte da qual foi capturada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC)
PEC da Segurança
Haddad ressaltou que a aprovação da PEC da Segurança, em tramitação no Congresso Nacional, é o caminho para que a coordenação contra o crime organizado seja fortalecida no País. "Vejo na PEC encaminhada pelo governo federal um caminho para que essa coordenação seja naturalizada, que seja o dia a dia da nossa ação contra o crime. Isso vai criar sinergias importantes entre as diversas forças envolvidas. O Brasil com isso lidera e fortalece as instituições para esse enfrentamento e protege o consumidor, que é a parte frágil disso tudo", disse Haddad.
Ele acrescentou que essas operações visam ainda garantir a concorrência leal entre os atores do mercado de combustíveis. "Porque você acaba punindo o bom empresário não combatendo o crime organizado, você acaba criando uma assimetria no mercado com todas as decorrências disso que são muito deletérias para a economia brasileira", emendou.
Também o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, defendeu a aprovação da PEC da Segurança como forma de institucionalizar a cooperação entre órgãos e tornar permanentes operações combate ao crime organizado. Segundo Lewandowski, nesta etapa, o grupo de combate ao crime organizado concentrou esforços na repressão a esquemas ilícitos no setor de combustíveis, mas os trabalhos poderão se estender a outras áreas. Ele destacou que a ofensiva foi possível graças à visão estratégica da atual gestão e à coordenação entre diferentes forças de segurança.
"Uma operação dessa envergadura só pode ser levada a cabo pelo governo do Brasil porque o crime organizado como tem dito não é mais local, não é mais apenas nacional, mas é inclusive global", disse.
O ministro lembrou ainda que o núcleo de combate ao crime organizado foi criado em janeiro deste ano com o objetivo de adotar uma abordagem "sistêmica, holística e estruturante" no enfrentamento dessas organizações.