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Por Daniel Tozzi, da Broadcast
redacao@viva.com.brSão Paulo, 17/11/2025 - A corrida presidencial do ano que vem caminha para ser bastante equilibrada, mas os atuais partidos de oposição podem aumentar suas chances de vitória se a disputa for mais pautada por questões relacionadas ao pensamentos da direita, como a segurança pública, do que pelos números econômicos, que são positivos. A avaliação é do cientista político e sócio e fundador da Quaest, Felipe Nunes.
"Se a oposição conseguir pautar o debate eleitoral no ano que vem com as agendas de direita, a oposição tem chance de enfrentar o governo Lula com bastante competitividade", disse ele, durante participação de painel do 20º SIAC, evento organizado pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), em São Paulo.
O pesquisador detalhou que cerca de 10% de todo o eleitorado brasileiro parece não se identificar nem com a direita e o Bolsonarismo e nem com a esquerda e o Lulismo, o que ele chama de "independentes". Segundo ele, ao se fazer perguntas para esse público específico, é possível identificar que 60% desses independentes se encaixam em pensamento mais à direita e 40% mais à esquerda. "O que significa que, se a oposição conseguir pautar o debate eleitoral no ano que vem com as agendas de direita, a oposição tem chance de enfrentar o governo Lula com bastante competitividade", afirmou ele.
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Ao comentar sobre o desempenho do governo Lula 3 até agora, Nunes apontou que os indicadores econômicos são bastante favoráveis ao atual presidente, o que faz com que a conjuntura jogue a favor de sua reeleição. "E quem vai vencer essa disputa? A estrutura ou a conjuntura? A conjuntura é muito forte, porque ela é de curto prazo. A estrutura é forte pelo seu elemento estruturante, pela dinâmica de valores, por aquilo que movimenta o eleitor. O que vai definir esse jogo é qual a pauta vai estar em disputa", reforçou ele.
O pesquisador também relembrou que a conjuntura já esteve mais favorável ao atual presidente, mas que eventos como a "crise do Pix" e o escândalo do INSS deixaram o governo "nas cordas" no início do ano. O tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil e o papel do deputado Eduardo Bolsonaro nessa articulação, porém, fizeram "o jogo virar" em favor de Lula.
"Veio o camisa 10, Eduardo Bolsonaro, e virou o jogo. E a conjuntura ficou favorável ao governo Lula. Porque o Lula teve sorte e virtude de acertar a condução da soberania e conseguiu recuperar a popularidade, até que a gente viu a chegada das operações policiais no Rio de Janeiro, que, na minha avaliação, podem ser decisivas no ano que vem, se a oposição tiver uma agenda concreta para apresentar em relação à segurança pública e o governo não conseguir fazer o mesmo", detalhou.
Nunes lembrou, por fim, que desde a redemocratização, todo presidente que tinha mais aprovação do que reprovação no ano da eleição conseguiu se reeleger ou eleger um sucessor indicado. O atual quadro de Lula, disse o pesquisador, está "no limiar" negativo, ou seja, com uma reprovação ligeiramente maior que a aprovação. "Mas ele estava se recuperando, se aproximando, com os nossos modelos projetando um cenário em que o Lula tem 50% de chance de vencer a eleição", frisou.
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