As passagens aéreas mais que dobraram de preço, chegando a aumentos de tarifas de até 328%, desde a pandemia, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo o levantamento da Confederação, a tarifa aérea média subiu 118% em termos reais nesse período, com aumento mais expressivo no Norte do País, onde a alta chegou a 328%. No Nordeste, a elevação foi de 134% e, no Centro-Oeste, 130%.
Ainda segundo a CNC, há concentração no mercado, com três companhias aéreas dominando 99,8% do setor, o que deixa pouco espaço para a aviação regional. “Estamos diante de um mercado altamente concentrado e com comportamento atípico: a demanda continua forte, mesmo com o aumento dos preços. Isso mostra quanto a aviação é essencial no Brasil - mas também quanto falta concorrência real”, avaliou Felipe Tavares, economista-chefe da CNC e autor do estudo.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, a possível fusão entre as companhias Azul e Gol poderia concentrar ainda mais o cenário. “Corremos o risco de ter somente duas companhias operando em todo o território. Isso é insustentável”, completou, em evento realizado em Brasília.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou que o Brasil atravessa um dos melhores momentos da história do turismo nacional. Em 2024, o País registrou 118 milhões de passagens aéreas vendidas, recebeu 6,7 milhões de turistas estrangeiros e atingiu um gasto médio de R$ 2,5 mil por viagem no mercado interno.
Apesar dos números positivos, Sabino ressaltou que a aviação ainda é um gargalo. O querosene de aviação, por exemplo, representa 40% do custo da passagem no País e pode chegar a 60% na região amazônica. Para o ministro, a ampliação da concorrência é o caminho mais eficaz para reduzir os preços. “Se tivermos mais empresas competindo, quem ganha é o passageiro”, afirmou.
Para endereçar essa questão, foi proposto um grupo de trabalho, com a missão de apresentar uma proposta técnica e legislativa até o segundo semestre. A CNC ficará responsável pela coordenação técnica das propostas, enquanto a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e parlamentares trabalharão na revisão dos aspectos regulatórios e jurídicos.