Incontinência urinária: quando é necessário usar fraldas geriátricas?

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Incontinência urinária afeta cerca de 45% das mulheres e 15% dos homens acima de 40 anos - Envato
Incontinência urinária afeta cerca de 45% das mulheres e 15% dos homens acima de 40 anos
Por Bianca Bibiano bianca.bibiano@viva.com.br

Publicado em 23/08/2025, às 08h00

São Paulo, 23/08/2025 - De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a incontinência urinária afeta cerca de 45% das mulheres e 15% dos homens acima de 40 anos, sendo motivador de 29,3 mil procedimentos cirúrgicos entre 2020 a 2024.

Em alguns casos, a condição requer o uso de fraldas geriátricas, mas esses produtos não devem ser a primeira opção no controle do problema. É o que defende o urologista Rafael Marques, da Santa Casa de São José dos Campos, em São Paulo.

"As fraldas geriátricas são opções para pacientes que são refratários ao tratamento da incontinência, mas jamais devem ser a primeira. A incontinência urinária tem tratamentos que amenizam e até cessam as perdas."

A escolha do tratamento ideial passa por investigar a causa da incontinência, que pode ser ligada a distúrbios neurológicos, hiperatividade vesical ou fraqueza da musculatura do assoalho pélvico.

"O diagnóstico realizado pelo médico especialista é fundamental para direcionar o tratamento, que pode ser comportamental, farmacológico, fisioterápico ou até mesmo cirúrgico, como ampliação vesical, aplicação de toxina botulínica (botox) na bexiga ou até mesmo marcapasso vesical (neuromodulador sacral)", pontua Marques.

Para pacientes refratários ao tratamento e que necessitem o uso de fralda geriátrica, o médico recomenda atenção à frequência das trocas e a limpeza da pele com água, atitudes que diminuem o risco de complicações como as assaduras e as dermatites urêmicas.

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Como identidicar a incontinência urinária

"Com mais de 29 mil cirurgias realizadas no SUS nos últimos cinco anos, a incontinência urinária é uma condição tratável que afeta milhares de pessoas, impactando diretamente sua qualidade de vida, especialmente entre mulheres e idosos", destaca Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, em documento da organização e que divide a condição em três categorias principais:

Incontinência urinária por esforço – é o tipo mais comum, sendo caracterizada pela perda urinária ao fazer esforços como tossir, rir, espirrar, exercitar-se ou carregar peso. Corresponde a cerca de 40% a 70% dos casos de incontinência urinária em mulheres. 

Incontinência urinária de urgência – é identificada pela vontade súbita e incontrolável de urinar; é também chamada de bexiga hiperativa. 

Incontinência mista – associa os dois tipos de incontinência.

Entre os fatores de risco que podem influenciar no surgimento da incontinência, a SBU destaca os seguintes aspectos:

  • Envelhecimento
  • Sexo feminino
  • Histórico familiar
  • Gestação
  • Tabagismo
  • Diabetes
  • Sobrepeso e obesidade
  • Exercícios de alto impacto (quando não há avaliação e acompanhamento
  • adequados)
  • Doenças neurológicas como Parkinson e esclerose múltipla
  • Cirurgias pélvicas e na próstata (principalmente para tratamento do câncer)

No quesito do envelhecimento, a perda de urina está associada especialmente ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, diminuição da capacidade de armazenamento da bexiga, aumento da próstata (no caso dos homens), problemas neurológicos, diabetes e ingestão de certos medicamentos, dentre outros.

"A incontinência urinária pode ser prevenida ou minimizada com medidas simples ao longo da vida. Para os idosos, a prática regular de atividades físicas para fortalecimento da autonomia física e cognitiva e da musculatura pélvica, hábitos saudáveis, incluindo controle do peso, alimentação equilibrada e consumo adequado de líquidos, são fundamentais", pondera a médica Karin Jaeger Anzolch, diretora de comunicação e coordenadora das campanhas de awareness da SBU.

Para reduzir os riscos, ela recomenda também evitar tabagismo e tratar condições como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças neurológicas.

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A incontinência em homens e mulheres

A fase da menopausa é especialmente delicada para as mulheres no que diz respeito à essa condição, que pode ser causada por fatores como o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, decorrente da diminuição na produção de estrogênio.

Pesquisa da consultoria data8 mostra que 50% nessa fase são afetadas pela condição. Os sintomas mais comuns incluem urgência e frequência miccional, além da presença de urina residual, o que impacta diretamente na qualidade de vida. 

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Para tratar esses casos, tecnologias mais avançadas com foco no consumidor final começam a checar no mercado nacional, a exemplo de estimuladores pélvicos que pretendem reduzir o problema a partir de uma combinação de energia luminosa de diodos e emissores de luz vermelha e infravermelha (LEDs), produzindo calor térmico e vibração terapêutica.

"A menopausa é apenas mais uma etapa na jornada de vida de uma mulher. Nada precisa ser interrompido por conta dos seus impactos, que são reais e podem ser solucionados. Existimos para criar uma menopausa melhor e mais moderna, possibilitando que toda mulher assuma o controle e esteja pronta para viver essa nova fase em toda a sua plenitude", diz Cristina Arbelaez, diretora de marketing da Issviva, empresa de origem sueca que trouxe este ano ao Brasil o primeiro aparelho desse tipo para uso doméstico.

Já em homens, a saúde da próstata deve ser acompanhada de perto, não somente com relação ao câncer, mas também pelo crescimento benigno da glândula (hiperplasia prostática benigna), que costuma causar sintomas urinários, podendo levar à incontinência, conforme orienta a médica Karin Jaeger Anzolch, diretora de comunicação e coordenadora das campanhas de conscientização da SBU.

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