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Por Francisco Carlos de Assis, do Broadcast
[email protected]São Paulo, 17/06/2025 - Os preços dos medicamentos para hospitais recuaram 0,79% em maio, devolvendo parte da alta de 4,18% registrada em abril, segundo o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), elaborado a partir de transações registradas na plataforma da Bionexo.
Embora a queda não seja forte o suficiente para compensar toda a alta de abril, o recuo de maio contrasta com a inflação ao consumidor medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,26%, e é mais alinhado ao comportamento do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que caiu 0,49%.
"O resultado neste ano veio abaixo da média esperada para maio, de 0,58%. Um dos fatores que pode estar contribuindo é a valorização cambial, que afeta insumos e produtos importados. Também é possível que a queda dos combustíveis tenha reduzido custos de distribuição”, avalia Bruno Oliva, economista e pesquisador da Fipe.
A inflexão no índice reflete um movimento de reequilíbrio do mercado hospitalar, após o impacto dos reajustes anuais autorizados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), em abril.
"Existe toda uma discussão sobre como se forma esse preço máximo", explica Rafael Barbosa, CEO da Bionexo. "Muitas vezes, surgem categorias de medicamentos que ainda não existiam no Brasil e que passam a ser cadastradas. Isso exige uma análise comparativa com o mercado internacional, considerando o princípio ativo, a inovação terapêutica e a apresentação."
Entre os grupos que compõem o IPM-H, o destaque foi a redução de 2,46% nos preços de imunoterápicos, vacinas e antialérgicos - medicamentos com alto valor agregado e grande representatividade nas transações hospitalares.
"Na prática, certos medicamentos biológicos inovadores, como os imunomoduladores, têm preços elevados e grande influência sobre o índice. Por isso, mesmo pequenas variações nesse grupo têm forte influência na média do mercado", pontua Oliva.
Outros grupos também registraram queda, como os agentes antineoplásicos (1,07%) e medicamentos para o aparelho digestivo (1,23%). Em contrapartida, preparados hormonais subiram 3,98%, seguidos por medicamentos para o sistema musculoesquelético, com alta de 1,93%, e para o aparelho geniturinário, com elevação de 1,39%.
No acumulado do ano, o IPM-H exibe alta de 4,55%, refletindo ainda os impactos dos reajustes de abril. Os imunoterápicos lideram o avanço anual, com alta de 21,73%, seguidos por preparados hormonais, 7,09%. Já no acumulado de 12 meses até maio, o índice mostra alta de 3,84%, desacelerando ante os 5,03% observados em abril. Além disso, desde janeiro de 2015, o IPM-H acumula alta de 53,6%.
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