São Bernardo confirma morte de mulher internada por intoxicação por metanol

Pablo Jacob/Governo de SP
Por Estadão Conteúdo estadaoconteudo@estadao.com

Publicado em 07/10/2025, às 09h45

São Paulo, 07/10/2025 - A Prefeitura de São Bernardo do Campo, município da região metropolitana de São Paulo, confirmou a morte de Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, que estava internada desde o final de setembro em um hospital municipal sob suspeita de contaminação por metanol - o que veio a se confirmar em exames posteriores.
Bruna teria se intoxicado após a ingestão de bebida alcoólica adulterada e é a primeira morte confirmada pela ingestão da substância na cidade.
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Na última sexta-feira, 3, a administração informou que o estado de saúde da jovem havia se agravado e que os médicos avaliaram abrir o protocolo de confirmação de morte cerebral. O procedimento consiste em checar, de forma minuciosa, se o cérebro do paciente ainda responde a estímulos ou se o quadro já evoluiu para uma morte encefálica irreversível.

Em nota, a Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo confirmou que Bruna "evoluiu a óbito após adoção de protocolo de cuidados paliativos".
"A medida foi tomada pela equipe médica em conjunto com a família da paciente. A administração se solidariza com amigos e familiares e reforça que, enquanto esteve internada, a paciente recebeu a melhor assistência possível", informou a administração.
Até esta segunda-feira, 6, a Vigilância Epidemiológica de São Bernardo informou ter recebido 78 notificações de suspeita de contaminação por metanol, sendo seis óbitos e 72 pacientes atendidos na rede hospitalar e de urgência e emergência pública e privada da cidade.

Ao todo, seis pessoas - cinco homens e uma mulher - morreram no município e, até o momento, Bruna é a única que teve a ingestão da substância confirmada. Em todos os casos de óbitos, os exames estão sendo realizados pelo Instituto Médico Legal (IML) para confirmar ou descartar a contaminação.

Bebidas caras, diz Tarcísio

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nessa segunda-feira, 6, que o problema de contaminação com metanol tem afetado bebidas destiladas caras, como uísques de marca (esses produtos que costumam rendem mais lucros para os criminosos). Por não ser adepto de bebidas alcoólicas, o governador fez uma brincadeira disse que iria se preocupar quando adulterassem refrigerantes.

“(...) Jack Daniel’s, Johnnie Walker (marcas de uísque), enfim, todas essas bebidas que são objeto de falsificação. Não vou me aventurar aqui nessa área, que não é a minha praia, está certo? No dia em que falsificarem Coca-Cola, eu vou me preocupar”, disse ele em coletiva de imprensa, ao relatar uma conversa do governo com fabricantes de bebidas destiladas.

“Ainda bem que não chegaram nesse ponto. Coca-Cola, até aqui, não... E a minha é a normal”, continuou.

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados nesta segunda, o Brasil tem 17 casos de intoxicação por metanol confirmados - 15 deles em São Paulo - e outros 200 em investigação.

Na noite dessa segunda-feira, a prefeitura de São Bernardo do Campo, na região metropolitana da capital paulista, confirmou a morte cerebral de uma mulher de 30 anos que estava internada desde o fim de setembro. Os exames constataram a intoxicação por metanol.

O óbito de Bruna Araújo ainda não entrou no balanço da pasta, divulgado antes da confirmação da morte por parte da administração municipal.

Também nesta segunda, Tarcísio e o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciaram que a Polícia Civil identificou a presença de metanol em bebidas alcoólicas apreendidas em duas distribuidoras do Estado.

Elas estão na lista de 11 estabelecimentos - que também inclui bares, adegas e mercados - interditados sob a suspeita de comercializar bebida adulterada. Ao todo, 20 suspeitos de envolvimento na manipulação de bebidas foram presos esta semana, conforme o governo. Os detidos não teriam relação entre si e não se configuraram uma mesma quadrilha.

Tarcísio afirmou ainda que pretende ampliar o controle sobre o comércio de bebidas e as fiscalizações nos locais onde os produtos são distribuídos e vendidos. Ele destacou a criação de um programa de qualidade, com distribuições de selos de qualidade aos comerciantes, com o objetivo de dar maior segurança aos consumidores no momento da compra.

O governador destacou também que o Estado de São Paulo adquiriu 2,5 mil ampolas do antídoto utilizado no tratamento contra a contaminação e disse que os medicamentos já estão disponíveis para uso.

Dados do Ministério da Saúde, divulgados na noite desta segunda-feira, 6, informam que o País soma 17 casos de intoxicação por metanol confirmados e que outras 200 ocorrências estão sob investigação. A maior parte das notificações se concentra no Estado de São Paulo, que soma 15 casos positivos para a intoxicação e 164 em investigação até o momento.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, 14 pessoas morreram e duas, ambas da capital paulista, tiveram a morte confirmada por intoxicação por metanol.

O óbito de Bruna Araújo ainda não entrou no balanço da pasta, que foi divulgado antes da confirmação da morte dela por parte da Prefeitura de São Bernardo do Campo.

Em nota, a prefeitura afirma que a Vigilância Epidemiológica mantém contato com as famílias das vítimas e dos pacientes internados para identificar possíveis locais de consumo. Até esta segunda-feira, quatro estabelecimentos comerciais e lotes de bebidas foram interditados na cidade.

"A Polícia Civil também apreendeu algumas garrafas dos mesmos estabelecimentos, e a Delegacia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente (DICMA) está à frente da investigação criminal", acrescentou a administração.

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