Foto: Envato Elements/composter-box
Por Beatriz Duranzi
[email protected]Durante a Semana Santa, especialmente na Sexta-feira Santa, é comum entre os católicos o costume de não comer carne vermelha. Mas de onde vem essa tradição? O que ela realmente significa? A prática tem raízes antigas e carrega um profundo simbolismo dentro da fé cristã.
A tradição de não comer carne na Sexta-feira Santa remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Desde o início, os cristãos buscavam formas de se preparar espiritualmente para a celebração da Páscoa —o momento mais importante do calendário cristão, que marca a ressurreição de Jesus Cristo.
Com o tempo, a Igreja passou a orientar os fieis a praticarem o jejum e a abstinência como formas de penitência e reflexão. A abstinência de carne, em especial, foi adotada por seu simbolismo de renúncia e sacrifício.
Na cultura judaico-cristã, a carne sempre foi associada a banquetes, celebrações e momentos de fartura. Ao evitar o consumo de carne, os fieis demonstram humildade e respeito pelo sacrifício de Jesus na cruz, que é lembrado justamente na Sexta-feira Santa.
Além disso, no mundo antigo, a carne vermelha era considerada um alimento mais nobre e caro, reservado a ocasiões especiais. Renunciar a ela em datas como a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa era um sinal claro de penitência.
O peixe se tornou uma alternativa comum durante os dias de penitência para os católicos por não ser considerado "carne" segundo a classificação tradicional da Igreja. Ele simboliza simplicidade e também está profundamente ligado à identidade cristã, afinal, o peixe foi um dos primeiros símbolos dos seguidores de Jesus, usado inclusive como forma secreta de identificação entre os primeiros cristãos perseguidos.
Jesus também realizou milagres relacionados a peixes, como a multiplicação dos pães e peixes, e muitos de seus apóstolos eram pescadores, o que reforça ainda mais esse elo simbólico.
Atualmente, a Igreja Católica ainda recomenda a abstinência de carne especialmente na Sexta-feira Santa e na Quarta-feira de Cinzas, como forma de recordar o sofrimento e a morte de Jesus. Porém, essa prática pode variar de acordo com a orientação das dioceses e das Conferências Episcopais em cada país.
No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) orienta os fieis a manterem essa tradição como um gesto de fé, mas também incentiva outras formas de penitência, como a caridade, o jejum de atitudes negativas e a oração, principalmente entre aqueles que não podem participar da abstinência da carne vermelha por questões de saúde e afins.
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.