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Por que os católicos não comem carne na Semana Santa? Entenda a tradição

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O peixe se tornou uma alternativa comum durante a Semana Santa por não ser considerado "carne" - Foto: Envato Elements/composter-box
O peixe se tornou uma alternativa comum durante a Semana Santa por não ser considerado "carne"

Por Beatriz Duranzi

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Publicado em 08/04/2025, às 09h48

Durante a Semana Santa, especialmente na Sexta-feira Santa, é comum entre os católicos o costume de não comer carne vermelha. Mas de onde vem essa tradição? O que ela realmente significa? A prática tem raízes antigas e carrega um profundo simbolismo dentro da fé cristã.

Origem da tradição

A tradição de não comer carne na Sexta-feira Santa remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Desde o início, os cristãos buscavam formas de se preparar espiritualmente para a celebração da Páscoa —o momento mais importante do calendário cristão, que marca a ressurreição de Jesus Cristo.

Com o tempo, a Igreja passou a orientar os fieis a praticarem o jejum e a abstinência como formas de penitência e reflexão. A abstinência de carne, em especial, foi adotada por seu simbolismo de renúncia e sacrifício.

Por que a carne foi escolhida?

Na cultura judaico-cristã, a carne sempre foi associada a banquetes, celebrações e momentos de fartura. Ao evitar o consumo de carne, os fieis demonstram humildade e respeito pelo sacrifício de Jesus na cruz, que é lembrado justamente na Sexta-feira Santa.

Além disso, no mundo antigo, a carne vermelha era considerada um alimento mais nobre e caro, reservado a ocasiões especiais. Renunciar a ela em datas como a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa era um sinal claro de penitência.

Por que o peixe é permitido?

O peixe se tornou uma alternativa comum durante os dias de penitência para os católicos por não ser considerado "carne" segundo a classificação tradicional da Igreja. Ele simboliza simplicidade e também está profundamente ligado à identidade cristã, afinal, o peixe foi um dos primeiros símbolos dos seguidores de Jesus, usado inclusive como forma secreta de identificação entre os primeiros cristãos perseguidos.

Jesus também realizou milagres relacionados a peixes, como a multiplicação dos pães e peixes, e muitos de seus apóstolos eram pescadores, o que reforça ainda mais esse elo simbólico.

O que diz a Igreja hoje?

Atualmente, a Igreja Católica ainda recomenda a abstinência de carne especialmente na Sexta-feira Santa e na Quarta-feira de Cinzas, como forma de recordar o sofrimento e a morte de Jesus. Porém, essa prática pode variar de acordo com a orientação das dioceses e das Conferências Episcopais em cada país.

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) orienta os fieis a manterem essa tradição como um gesto de fé, mas também incentiva outras formas de penitência, como a caridade, o jejum de atitudes negativas e a oração, principalmente entre aqueles que não podem participar da abstinência da carne vermelha por questões de saúde e afins. 

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