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Por Beatriz Duranzi
[email protected]Na mesa dos brasileiros, especialmente durante a Semana Santa, o bacalhau é presença quase obrigatória. Mas você já parou para se perguntar como esse peixe, que nem é nativo do Brasil, se tornou o símbolo culinário da Sexta-feira Santa?
Desde criança você deve escutar da sua mãe que na Sexta-feira Santa não se come carne. Um dos dias mais importantes para os cristãos, a Sexta-feira Santa marca a crucificação de Jesus Cristo.
Segundo a tradição católica, é um dia de jejum, oração e reflexão. Durante esse período, a Igreja orienta que os fieis se abstenham de comer carnes vermelhas, consideradas um símbolo de festa e celebração —algo inadequado para uma data de luto.
Nesse contexto, os frutos do mar se tornaram uma alternativa, e o bacalhau, especialmente, ganhou destaque.
O bacalhau chegou ao Brasil com os portugueses, que já tinham o hábito de consumir o peixe salgado e seco desde a Idade Média. Por ser fácil de conservar e transportar, tornou-se um alimento prático para longas viagens marítimas, o que inclui, claro, o período das grandes navegações e a colonização do Brasil.
Com o tempo, o bacalhau se incorporou à cultura alimentar brasileira, principalmente nas datas religiosas herdadas da tradição católica portuguesa, como a Páscoa e a Sexta-feira Santa.
Embora seja tradicionalmente associado a pratos mais elaborados, o peixe também ganhou novas versões no Brasil.
Cada família tem sua receita favorita, passada de geração em geração. Algumas com azeitonas, outras com ovos, batatas, maionese ou até leite de coco, dependendo da influência cultural de cada região.
Mais do que uma exigência religiosa, o bacalhau virou símbolo de união familiar, de comida de casa cheia, de lembranças de infância. Mesmo quem não segue os ensinamentos da Igreja Católica costuma manter a tradição por carinho, costume ou pelo simples prazer de reunir a família em torno da mesa.
Seja por devoção, tradição ou simplesmente pelo sabor único, o bacalhau conquistou seu lugar na culinária brasileira. E a cada Sexta-feira Santa, ele segue reunindo pessoas, contando histórias e mantendo viva uma herança cultural que atravessa séculos.
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