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São Paulo, 16/06/2025 - O setor médico e hospitalar brasileiro enfrentou, em 2024, uma escalada nos custos operacionais, com destaque para o aumento significativo dos preços dos medicamentos. Os dados são do Boletim Informativo Planisa, divulgado em maio deste ano, e mostram aumentos nos custos unitários hospitalares em praticamente todas as áreas.
Entre os principais fatores, a empresa destaca o crescimento de 16,9% no custo com medicamentos, superando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,9% no mesmo período. Diz ainda que o aumento reflete reajustes regulatórios e uso crescente de medicamentos de alta complexidade, como imunobiológicos e agentes oncológicos.
Em paralelo, os materiais hospitalares também apresentaram uma elevação, com alta de 14,2% entre 2023 e 2024. Além dos insumos, outras áreas críticas do atendimento hospitalar também tiveram aumentos. A hora do centro cirúrgico, por exemplo, subiu 15% no período, influenciada principalmente pelos custos com pessoal não médico (19%).A pesquisa considerou dados de São Paulo, Espírito Santo, Goiás e Pernambuco.
No pronto-socorro, o custo médio por paciente atendido também registrou elevação de 17% entre 2023 e 2024. Ao mesmo tempo, houve uma queda de 2% no número total de atendimentos, o que, segundo a empresa, contribuiu para a elevação do custo por unidade de serviço prestado.
“Os serviços de diagnóstico também não escaparam da pressão inflacionária. O custo médio dos exames de raios X aumentou 22% em apenas um ano, influenciado por um crescimento de 18% nos custos gerais e de 12% com pessoal não médico. Mesmo com um aumento de 45% na produção desses exames, os custos eguiram em alta. Esse movimento foi especialmente observado em unidades privadas sem fins lucrativos e geridas por organizações sociais de saúde (OSS), que apresentaram os maiores valores médios”, ressalta o diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares, Marcelo Carnielo. O levantamento considerou atendimentos realizados por redes privadas é públicas, em hospitais administrados por OSS.
Já a internação em unidades não críticas adultas teve aumento de 10,4% no custo médio, passando de R$ 882 em 2023 para R$ 974 em 2024. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta apresentou crescimento mais moderado, de 3,3%, com aumento médio de R$ 2.424 para R$ 2.505. O cenário foi semelhante nas unidades pediátricas e neonatais, que chegando à média de R$ 2.688.
Em relação aos procedimentos cirúrgicos mais comuns, a cesariana foi a campeã da amostra, com 2.326 partos realizados. A via de parto vaginal foi registrada em apenas 661 casos da amostra, embora custe em média R$ 2.209 a menos. A cirurgia mais cara registrada foi de gastroplastia para obesidade mórbida, conhecida como cirurgia bariátrica, com valor médio de R$ 9.975.
Outros serviços hospitalares de apoio, como lavanderia e alimentação, também registraram elevações. O custo médio por quilo de roupa processada cresceu 15% entre 2023 e 2024, sendo que nas unidades com lavanderia terceirizada os aumentos foram ainda mais acentuados: mão de obra terceirizada subiu 31%, materiais 33% e serviços gerais 15%. Já o custo por dia de alimentação do paciente aumentou de R$ 65 para R$ 73 no mesmo intervalo, uma elevação de 12,3%.
“Esses aumentos refletem uma combinação de fatores: reajustes salariais, pressão inflacionária, aumento do custo dos insumos médicos e impacto residual da pandemia, que ainda afeta a ocupação e a produtividade em várias unidades hospitalares. A taxa de ocupação, por exemplo, permanece abaixo dos níveis de 2019 em diversas áreas, o que reduz a diluição dos custos fixos e contribui para o aumento do custo unitário”, explica Carnielo.
Diante desse cenário, Carnielo pontua que há a necessidade de ações imediatas por parte dos gestores hospitalares e operadoras: renegociação de contratos com fornecedores, implementação de protocolos clínicos padronizados, revisão de processos administrativos e adoção de modelos de remuneração baseados em valor”, fala. “Além disso, o uso de ferramentas analíticas para monitorar custos e desempenho em tempo real pode ajudar a conter despesas e melhorar a previsibilidade orçamentária”, completa.
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