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Saúde se destaca em inovação com inteligência artificial

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IA e big data tornam o sistema de saúde mais eficiente e personalizado - Envato
IA e big data tornam o sistema de saúde mais eficiente e personalizado

Por Sofia Missiato Barbuio e Guilherme Schanner, do Broadcast

redacao@viva.com.br
Publicado em 25/03/2025, às 12h27

A união entre tecnologia de ponta e atendimento humanizado está impulsionando grandes nomes do setor de saúde no Brasil. O uso da inteligência artificial (IA) está sendo o caminho encontrado para aprimorar tratamentos, diagnósticos e a eficiência operacional. A saúde do futuro é moldada por avanços tecnológicos e uma abordagem sustentável, concordam Daniel Greca, diretor de saúde populacional do Hospital Sírio-Libanês, e Pedro Frigerio, diretor de operações da S2 Farma.

Greca destaca o papel da IA e do big data na criação de um sistema de saúde mais eficiente e personalizado. O Hospital Sírio-Libanês já usa a IA generativa em ferramentas como o chatbot Vita, que apoia pacientes no entendimento de condições médicas e no preparo para exames. Além disso, a IA auxilia na identificação de riscos de complicações, como a sepse, com base em sinais vitais e históricos médicos.

"Essas tecnologias viabilizam o Quintuple Aim, que inclui equidade na saúde e bem-estar dos profissionais", afirma Greca, que vê a IA como um alicerce para os próximos cinco anos seguir apostando nessas soluções. Ele menciona o impacto do HealthLake, da AWS, na interoperabilidade de dados e na eficiência hospitalar. ?Estamos integrando informações para prever faltas em exames e otimizar procedimentos, sempre com foco na segurança e no benefício do paciente. Sem uma base de dados sólida, a IA pode perpetuar vieses e comprometer a equidade no sistema de saúde?, alerta.

Parcerias
Em parceria com a Siemens Healthineers, o hospital Albert Einstein criou uma ferramenta de IA para a detecção precoce da esclerose múltipla, uma doença neurológica crônica que afeta cerca de 40 mil brasileiros, segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla e a Organização Mundial da Saúde. A tecnologia auxilia médicos a identificar estágios iniciais nos pacientes e logo indicar o tratamento adequado.

A IA multimodal integra dados de diversas fontes, incluindo imagens de ressonância magnética, laudos radiológicos e informações clínicas dos prontuários eletrônicos. A ferramenta gera uma pontuação probabilística da doença, que auxilia médicos a identificar precocemente potenciais casos de esclerose múltipla. ?Ao aprimorar a precisão e a velocidade da detecção da doença, estamos não só antecipando o início dos tratamentos, mas também democratizando o acesso à saúde de alta qualidade?, ressaltou Gilberto Szarf, gerente de pesquisa do Einstein.

Desenvolvida junto com a Phillips, uma solução baseada em IA, usando Modelos Amplos de Linguagem (LLMs) para melhor identificar coronariopatias em pacientes está em andamento. Doenças desse tipo afetam as artérias coronárias, muitas vezes levando à redução do fluxo sanguíneo e aumento do risco de infarto. O algoritmo da solução deve ser capaz de extrair 50 variáveis de mais de 50 mil laudos para criar modelos preditivos.

Rodrigo Demarch, médico e diretor de inovação do Einstein, disse que testes iniciais da tecnologia LLM demonstraram uma precisão de 99% em comparação com variáveis extraídas manualmente por especialistas. ?O algoritmo a ser desenvolvido neste projeto pretende apoiar a decisão clínica de médicos não cardiologistas em pronto-atendimentos e reduzir as solicitações de encaminhamento e exames para pacientes não cardiopatas?, acrescentou Felipe Basso, presidente da Philips América Latina.

Melhor eficiência
Pedro Frigerio, da S2 Farma, conta que transformou as operações para alinhar as inovações disponíveis no mercado. A empresa investiu em tecnologias de Internet das Coisas (IoT) para otimizar processos de produção, reduzindo desperdícios e melhorando a eficiência ao reduzir o tempo de atendimento e melhorando a experiência do cliente em loja. Segundo ele, também houve redução de perdas de medicamento por vencimento. A farmacêutica ainda desenvolveu iniciativas como painéis solares como parte da política ESG da empresa.

Segurança de dados
Duas empresas brasileiras implementam soluções que unem inteligência artificial, Machine Learning e inovação digital para lidar com desafios do setor com a personalização e a eficiência dos serviços oferecidos a pacientes e profissionais.

A Mobile Saúde usa IA para garantir a segurança dos dados dos usuários por meio de ferramentas como leitores biométricos e análises preventivas para evitar acessos indevidos. Já a Anestech aplica IA para melhorar a experiência no ambiente cirúrgico, como alertas preditivos que permitem que anestesiologistas atuem de maneira preventiva em situações críticas, como a hipotensão transoperatória.

A integração de sistemas é um dos maiores desafios do setor de saúde no Brasil, segundo as empresas. Jean Schulz, Diretor de Operações da Mobile Saúde, aponta a falta de interoperabilidade e padronização como barreiras significativas, mas destaca soluções como APIs e ferramentas de integração que conectam múltiplas plataformas de forma eficiente.

A telemedicina é vista como um pilar permanente no ecossistema de saúde. Para a Anestech, a tecnologia vai além da consulta virtual, possibilitando avanços no ambiente cirúrgico que garantem mais segurança e eficiência no cuidado ao paciente.

Novas terapias
Segundo Cristiano Gonçalves, diretor de inovação do Instituto Butantan, o centro de pesquisa usa inteligência artificial no desenvolvimento de novas terapias. Além disso, a instituição tem adotado novas estratégias para desenvolvimento de novas tecnologias

O Butantan está implementando uma rede para desenvolvimento de estudos pré-clínicos, essencial para o registro de novos medicamentos. Gonçalves lembra que a experiência com a Covid-19 destacou a importância do foco e da priorização, levando à rápida produção da vacina Coronavac em parceria com a Sinovac, além de impulsionar o Butantan a investir em tecnologias de resposta rápida, como as vacinas de RNA mensageiro, para futuras emergências de saúde pública.

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